Confira a linha do tempo do depoimento hacker na CPI, com imagem contendo Zambelli e encontro com Bolsonaro.

O depoimento do hacker Walter Delgatti Netto à CPI do dia 8 de janeiro trouxe à tona uma série de revelações surpreendentes. Delgatti apresentou uma linha do tempo que incluiu encontros com o então presidente Jair Bolsonaro e reuniões no Ministério da Defesa durante a campanha eleitoral de 2022. O hacker afirmou ter recebido pedidos para manipular urnas eletrônicas e assumir a autoria de um suposto grampo contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

A cronologia apresentada por Delgatti à CPI começou em julho de 2022, quando ele se encontrou com a deputada Carla Zambelli, aliada de Bolsonaro. Zambelli divulgou nas redes sociais esse encontro “fortuito” com o hacker. Segundo ela, Delgatti pediu seu número de telefone e posteriormente ela custeou a sua ida a Brasília para tratar de “serviços ao PL”.

No mês seguinte, em agosto de 2022, Delgatti relatou duas reuniões com integrantes do PL em Brasília. Em uma delas, ele se encontrou com o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, junto com Zambelli e familiares da deputada. Na outra reunião, Delgatti disse ter se encontrado com o marqueteiro Duda Lima, responsável pela campanha de Bolsonaro. Segundo o hacker, Lima sugeriu ações para colocar as urnas eletrônicas em descrédito. Lima negou ter se reunido com o hacker.

No dia seguinte à conversa com integrantes do PL, Delgatti afirmou ter sido recebido pelo próprio Bolsonaro no Palácio da Alvorada. Na ocasião, Bolsonaro teria endossado a suposta ideia de manipulação das urnas eletrônicas e prometido um indulto presidencial ao hacker para protegê-lo de problemas judiciais.

Em setembro de 2022, Delgatti relatou uma conversa por telefone com Bolsonaro. Segundo o hacker, Zambelli pegou um telefone “aparentemente novo” e ligou para Bolsonaro, colocando-o em contato com o presidente. Nesse diálogo, Bolsonaro teria falado sobre a existência de um grampo contra o ministro Alexandre de Moraes. Bolsonaro teria pedido a Delgatti para assumir a autoria do grampo e prometido um indulto presidencial para protegê-lo.

Em novembro de 2022, Delgatti afirmou ter comparecido ao Ministério da Defesa em cinco ocasiões, para reuniões com funcionários de TI e com o então ministro, general Paulo Sérgio Nogueira. Na época, servidores do ministério inspecionavam o código-fonte das urnas eletrônicas. Delgatti alegou ter dado orientações sobre supostas vulnerabilidades no sistema eletrônico de votação. Suas sugestões teriam sido incluídas em um relatório entregue pelo ministério ao TSE em novembro.

No início deste ano, em janeiro de 2023, Delgatti disse ter sido contatado por Zambelli para invadir sistemas internos do Poder Judiciário. Ele afirmou ter tido acesso ao sistema do CNJ durante quatro meses e ter registrado um mandado de prisão falso contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo Delgatti, Zambelli teria feito uma série de pagamentos para custear seus serviços.

Durante o depoimento, a defesa de Bolsonaro anunciou que entrará com queixa-crime por calúnia e difamação contra Delgatti. O advogado Fábio Wajngarten afirmou que o “entorno primário” de Bolsonaro não praticou grampos. A defesa de Zambelli também negou as acusações.

O depoimento de Delgatti à CPI revelou detalhes surpreendentes sobre sua relação com o então presidente Bolsonaro e membros do PL. As acusações de manipulação de urnas eletrônicas e grampo contra o ministro Alexandre de Moraes têm gerado intensa polêmica e prometem trazer consequências políticas significativas nos próximos meses.

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