CGU barra nomes ligados ao Centrão e eles têm direitos políticos suspensos por supostas irregularidades na gestão da saúde.

A Controladora-Geral da República (CGU) anunciou recentemente a suspensão dos direitos políticos de dois nomes ligados ao Centrão, Davidson Tolentino de Almeida e Tiago Pontes Queiroz, por supostas irregularidades cometidas durante suas passagens pelo Ministério da Saúde, na gestão de Michel Temer. A punição, que os torna inelegíveis e impedidos de assumir postos comissionados por 8 anos, foi publicada no Diário Oficial da União em 3 de novembro e assinada pelo ministro da CGU, Vinicius Marques de Carvalho.

Davidson Tolentino de Almeida e Tiago Pontes Queiroz são próximos de caciques do PP e do Republicanos, o que torna a situação ainda mais delicada, já que a punição surge num momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta se aproximar das duas siglas. Apesar de nomear integrantes dos partidos como ministros, os chefes das legendas, Ciro Nogueira (PP) e Marcos Pereira (Republicanos), permanecem distantes do Palácio do Planalto.

Outro aspecto que chama a atenção é a proximidade de Tolentino com Ciro Nogueira. O ex-diretor de Logística foi assessor do deputado no Congresso e atuou como seu homem de confiança em diferentes governos.

Segundo informações, a sanção aplicada pelo CGU se refere a denúncias relacionadas à compra de medicamentos para o tratamento de doenças raras pelo Ministério da Saúde, além de uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal pelo mesmo caso. Tolentino ocupava o cargo de diretor de Logística (DLOG) e Queiroz era coordenador de Compras por Determinação Judicial, ambos subordinados ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), que chefiava a pasta na época.

Procurado pelo GLOBO, Queiroz considerou a decisão injusta, afirmando que não tinha competência para autorizar pagamentos no Ministério da Saúde na época e que não pretende retornar a cargos públicos.

Além disso, o Ministério Público Federal está investigando Tolentino e Queiroz pelo mesmo caso, acusando ambos de pressionarem pelo pagamento antecipado de R$ 19 milhões à empresa contratada para fornecer medicamentos que nunca foram entregues, resultando em desabastecimento e alegadamente causando a morte de alguns pacientes.

A punição da CGU também resultou na exoneração de Tolentino e Queiroz dos cargos que ocupavam no governo Bolsonaro em setembro de 2021, quando foram alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal.

Ambos os nomes são fortemente ligados ao Centrão, com Tolentino atuando em vários cargos comissionados na administração federal graças à indicação do ex-ministro da Casa Civil e atual senador Ciro Nogueira, enquanto Queiroz assumiu a secretaria nacional de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em maio de 2020 e disputou uma vaga de deputado estadual por Pernambuco em 2022, sem sucesso.

A sanção da CGU tem potencial para causar impactos negativos na relação do governo com as legendas do Centrão, que já enfrentam desconfiança devido aos supostos casos de corrupção e irregularidades envolvendo membros do grupo.

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