Davidson Tolentino de Almeida e Tiago Pontes Queiroz são próximos de caciques do PP e do Republicanos, o que torna a situação ainda mais delicada, já que a punição surge num momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta se aproximar das duas siglas. Apesar de nomear integrantes dos partidos como ministros, os chefes das legendas, Ciro Nogueira (PP) e Marcos Pereira (Republicanos), permanecem distantes do Palácio do Planalto.
Outro aspecto que chama a atenção é a proximidade de Tolentino com Ciro Nogueira. O ex-diretor de Logística foi assessor do deputado no Congresso e atuou como seu homem de confiança em diferentes governos.
Segundo informações, a sanção aplicada pelo CGU se refere a denúncias relacionadas à compra de medicamentos para o tratamento de doenças raras pelo Ministério da Saúde, além de uma ação na Justiça Federal do Distrito Federal pelo mesmo caso. Tolentino ocupava o cargo de diretor de Logística (DLOG) e Queiroz era coordenador de Compras por Determinação Judicial, ambos subordinados ao deputado Ricardo Barros (PP-PR), que chefiava a pasta na época.
Procurado pelo GLOBO, Queiroz considerou a decisão injusta, afirmando que não tinha competência para autorizar pagamentos no Ministério da Saúde na época e que não pretende retornar a cargos públicos.
Além disso, o Ministério Público Federal está investigando Tolentino e Queiroz pelo mesmo caso, acusando ambos de pressionarem pelo pagamento antecipado de R$ 19 milhões à empresa contratada para fornecer medicamentos que nunca foram entregues, resultando em desabastecimento e alegadamente causando a morte de alguns pacientes.
A punição da CGU também resultou na exoneração de Tolentino e Queiroz dos cargos que ocupavam no governo Bolsonaro em setembro de 2021, quando foram alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal.
Ambos os nomes são fortemente ligados ao Centrão, com Tolentino atuando em vários cargos comissionados na administração federal graças à indicação do ex-ministro da Casa Civil e atual senador Ciro Nogueira, enquanto Queiroz assumiu a secretaria nacional de Mobilidade do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) em maio de 2020 e disputou uma vaga de deputado estadual por Pernambuco em 2022, sem sucesso.
A sanção da CGU tem potencial para causar impactos negativos na relação do governo com as legendas do Centrão, que já enfrentam desconfiança devido aos supostos casos de corrupção e irregularidades envolvendo membros do grupo.