Ventura descreveu a situação como “muito desconfortável”, afirmando que o ministério pagou diárias e viagens em decorrência da presença de Luciane Farias, que é esposa de um líder do Comando Vermelho e foi condenada por associação ao tráfico e lavagem de dinheiro. Ela ainda informou que foram feitos requerimentos de informação, denúncia na Comissão de Ética Pública e projeto de lei para punir a não publicização de agenda e compromissos como improbidade administrativa.
O ministro Almeida defendeu que o encontro em questão, que aconteceu nos dias 6 e 7 de novembro, contava com a participação de cerca de 70 pessoas, e que o ministério seguiu as regras de uma portaria do governo anterior ao custear as despesas. Ele enfatizou que os comitês estaduais foram responsáveis por indicar seus representantes, e que o nome de Luciane Farias foi recebido pelo ministério antes de sua condenação. Almeida também pediu aprimoramento nas regras de emissão de passagens e criticou a oposição por dar continuidade ao debate de forma “artificial”.
A discussão se estendeu para além da viagem de Luciane Farias, abordando a morte de Cleriston da Cunha, um dos detentos do presídio da Papuda, em Brasília. A oposição questionou possíveis falhas da Justiça e do atendimento médico ao preso, enquanto Almeida destacou as recomendações encaminhadas pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura para as detenções do Distrito Federal, e ressaltou questões sistêmicas que levam a uma média alarmante de 60 mortes por dia nos presídios brasileiros.
O ministro também enfatizou as ações da pasta relativas a idosos, crianças e adolescentes, pessoas com deficiência e população em situação de rua, recebendo elogios de alguns parlamentares presentes. No entanto, o embate e as acusações de ambas as partes deixaram claro que a reunião foi marcada por tensão e discordâncias significativas entre o ministro e a oposição.