CAMARA DOS DEPUTADOS – Especialistas defendem que educação bilíngue para surdos vai além de intérpretes de Libras em sala de aula

Na última terça-feira (23), uma audiência pública na Câmara dos Deputados trouxe à tona a importância da educação bilíngue para surdos, indo além da simples presença de intérpretes de Libras nas salas de aula. O debate contou com a participação de diversos especialistas e defensores da causa, ressaltando a necessidade de uma abordagem diferenciada no ensino de surdos.

O professor-adjunto do Departamento de Libras da Universidade Federal de Santa Catarina, Rodrigo Rosso Marques, enfatizou que a comunicação é o ponto chave para a educação bilíngue, onde a língua de instrução deve ser a língua de sinais em todos os contextos escolares. O português, por sua vez, deve ser aprendido como uma segunda língua, segundo as colocações dos participantes.

Outro ponto abordado foi a metodologia de ensino para surdos, destacando a importância do uso constante da linguagem de sinais pelos professores, em vez de depender de intérpretes. O tempo de duração das aulas em escolas bilíngues para surdos também foi apontado como sendo maior do que nas instituições voltadas apenas para ouvintes.

A deputada Amália Barros (PL-MT), autora do pedido para realização do debate, salientou a importância da legislação que assegura a educação bilíngue para surdos como uma modalidade de ensino independente da educação especial. No entanto, ressaltou a necessidade de avançar na oferta de uma educação de qualidade, com estrutura adequada, formação qualificada e profissionais habilitados.

A seleção de professores para atuar nessas escolas também foi um ponto discutido, com a necessidade de garantir que os profissionais tenham proficiência em Libras. A proposta de criação de bancas de avaliação formadas por pessoas surdas foi levantada como uma possível solução para melhorar a fluência dos docentes.

Segundo dados do censo escolar de 2020, havia mais de 63 mil alunos surdos matriculados na educação básica no Brasil, sendo que apenas pouco mais de 7 mil estavam na educação bilíngue. Diante disso, a comunidade surda no país, que representa cerca de 11 milhões de pessoas, ainda enfrenta desafios no acesso a uma educação de qualidade.

Portanto, a audiência pública na Câmara dos Deputados reforçou a importância de garantir uma educação bilíngue efetiva e inclusiva para surdos, colocando em pauta a necessidade de avanços e investimentos na formação de profissionais e estruturação das escolas para atender às demandas dessa parcela da população.

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