CAMARA DOS DEPUTADOS – Comissão da Câmara aprova relatório final que recomenda instalação de CPI para investigar demarcação de terra indígena.

Comissão externa da Câmara dos Deputados recomenda abertura de CPI para investigar fraudes em demarcação de terras indígenas

A comissão externa da Câmara dos Deputados responsável pela identificação e delimitação da Terra Indígena Kapôt Nhĩnore, localizada entre Mato Grosso e Pará, aprovou nesta terça-feira (31) o relatório final que recomenda a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar eventuais fraudes e atos ilícitos no processo. A coordenadora da comissão externa, deputada Coronel Fernanda (PL-MT), afirmou que a aprovação do relatório é o primeiro passo para uma ampla investigação sobre as recentes demarcações de terras indígenas e para a aprovação de uma lei que exija a participação de todos os envolvidos nos processos.

A Terra Indígena Kapôt Nhĩnore abrange uma área de 362.243 hectares em Santa Cruz do Xingu e Vila Rica, em Mato Grosso, e em São Félix do Xingu, no Pará. A área é considerada sagrada pelos Yudjá (Juruna) e Mebengokrê (Kayapó), sendo inclusive o local de nascimento do cacique Raoni, que reivindica a área há 40 anos.

De acordo com estudos da Fundação Nacional do Índio (Funai), a população indígena na região é de aproximadamente 60 pessoas. Atualmente, existem pelo menos 201 imóveis com presença de não indígenas, sendo 153 de propriedade e 32 de posse, sem informações sobre outros 16 imóveis.

O governo afirma que está cumprindo todas as regras do Decreto 1.775/96, que trata do procedimento administrativo de demarcação de terras indígenas. Os estudos sobre a Terra Indígena Kapôt Nhĩnore foram publicados no Diário Oficial da União, abrindo um prazo até 21 de dezembro para a contestação de quaisquer interessados.

A presidente da Funai, Joenia Wapichana, participou de uma reunião da comissão e defendeu os trabalhos sobre a Terra Indígena Kapôt Nhĩnore. Ela explicou que o processo terá várias etapas, e a decisão sobre a demarcação caberá ao Ministério da Justiça e Segurança Pública. Até o momento, não houve nenhuma contestação formal.

O relatório apresentado pela deputada Coronel Fernanda no último dia 18 foi alvo de críticas de produtores rurais e políticos locais, que alegam não terem sido ouvidos sobre a demarcação da terra indígena. O governo, por sua vez, afirmou que foram produzidos documentos oficiais ao longo das últimas décadas. A Funai esclarece que ninguém será removido imediatamente e que serão identificadas as pessoas que agiram com boa-fé ou má-fé durante o processo.

A recomendação da comissão externa da Câmara dos Deputados para a abertura de uma CPI representa um importante passo no sentido de uma maior transparência e participação dos envolvidos nas demarcações de terras indígenas. A investigação proposta permitirá esclarecer eventuais irregularidades e buscar soluções justas para os povos indígenas e não indígenas da região. A luta pela preservação e respeito aos direitos das comunidades indígenas ganha cada vez mais visibilidade e importância na agenda política nacional.

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