Dois dos não autorizados conseguiram ser incluídos de última hora. Com os 32 desta quinta-feira, os 47 retirados na segunda missão, no início do mês, e os 32 da primeira, ainda em novembro, o Brasil já resgatou 111 pessoas, ultrapassando a lista inicial, que tinha 102 nomes.
Dentro do Departamento de Imigração há wi-fi, mas não aberto ao público. Aqui fora, no lado egípcio da fronteira, só se tem sinal de internet com chip de uma das operadoras do país. No meio da tarde nublada, funcionários e veículos de outras embaixadas também aguardavam a passagem daqueles que vieram buscar.
Nove ambulâncias do governo egípcio estavam de prontidão para levar eventuais feridos para hospitais próximos. Desde cedo há um intenso movimento de caminhões voltando de Gaza para o Egito vazios, depois de terem descarregado o que foram levar. Não se vê hoje a imensa fila de caminhões abastecidos com ajuda humanitária bem perto da fronteira.
Um avião da Força Aérea Brasileira saiu do Brasil em direção ao Egito para buscar o grupo retirado de Gaza. A FAB enviou 17 tripulantes e seis pessoas que integram a equipe médica. Há uma preocupação com traumas psicológicos e o estado de saúde de alguns dos que estão vindo de Gaza, como um senhor que teve um AVC recentemente. O avião vem trazendo ainda 6 toneladas de doações brasileiras. São equipamentos para filtrar água e painéis solares.
Os 32 brasileiros e familiares palestinos resgatados no Cairo enfrentaram longas horas de espera na fronteira entre Gaza e Egito, mas finalmente puderam deixar a região sitiada pelas forças de Israel. Um dos homens que não conseguiu sair daquela vez foi Yousef El Dwek, que tem 75 anos. Ele fala e se locomove com dificuldades. A esposa, a nora e netas dele conseguiram cruzar a fronteira na vez anterior, depois de uma negociação diplomática que começou pela manhã e terminou no início da noite. Sammy Abusaada também tinha sido barrado. Teve que se despedir da esposa, Wafaa, e dos cinco filhos. Agora a família espera pelo patriarca no Rio de Janeiro.
Os brasileiros e palestinos resgatados agradeceram ao governo brasileiro por tê-los ajudado a reencontrar suas famílias. O último grupo enfrentou um intenso processo de negociação para garantir a saída de todos da Faixa de Gaza e finalmente chegar ao Cairo, onde agora aguardam a conclusão dos trâmites para retornar ao Brasil.
