Aumento nas transferências especiais gera debate sobre transparência e possíveis interesses eleitorais nas emendas parlamentares em 2024.

Emendas parlamentares têm sido uma ferramenta importante para os políticos destinarem recursos para suas bases eleitorais. Geralmente, essas emendas se transformam em convênios com estados e municípios, garantindo que o dinheiro seja utilizado para fins específicos. No entanto, em 2019, uma mudança importante foi feita com a aprovação da Emenda Constitucional 105, que abriu a possibilidade de um repasse direto para as prefeituras, através da chamada transferência especial.

Um estudo recente dos consultores de Orçamento da Câmara dos Deputados revelou que a modalidade de transferência especial foi criada devido à insatisfação dos parlamentares com a demora e as exigências na celebração e execução dos convênios. Essa nova forma de repasse facilitou o aumento significativo do valor das emendas, que passou de R$ 2 bilhões em 2021 para R$ 8,1 bilhões em 2024, representando mais de 32% das emendas individuais.

Diferente dos convênios tradicionais, as transferências especiais não necessitam de pactuação ou identificação de problemas públicos a serem resolvidos. Os recursos são destinados para investimentos em áreas de competência privativa do município, com a condição de que pelo menos 70% sejam aplicados nesse fim. Além disso, o dinheiro não pode ser utilizado para pagar dívidas ou despesas com pessoal.

Políticos como o deputado Merlong Solano (PT-PI) enxergam com bons olhos as transferências especiais, ressaltando a agilidade no repasse e a capacidade de fortalecer a atuação dos entes públicos. No entanto, parlamentares como Beto Pereira (PSDB-MS) defendem a necessidade de aumentar a transparência na execução dessas emendas.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) e o deputado Ivan Valente (Psol-SP) estão entre os parlamentares que têm se dedicado a garantir que a execução das emendas de transferências especiais seja transparente e eficiente. Enquanto Ventura enxerga essas medidas como uma forma de garantir a integridade e combater a corrupção, Valente levanta preocupações sobre o uso político desses recursos para favorecer candidatos em eleições municipais.

Para regularizar e melhorar o acompanhamento das transferências especiais, a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2024 estabeleceu algumas regras, como a obrigação de informar ao Legislativo e ao tribunal de contas local sobre o plano de aplicação do dinheiro, além da utilização do Portal Nacional de Contratações para registrar as compras públicas realizadas. No final do ano, os municípios e estados beneficiados precisarão comprovar a execução do plano inicial, sob pena de vedação de novos repasses.

Portanto, a discussão em torno das transferências especiais é crucial para garantir que os recursos públicos sejam utilizados de forma transparente e eficaz, atendendo às necessidades das comunidades de forma justa e responsável.

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