Ao emparedar ministro do Supremo, Bolsonaro vai à ‘guerra total’

No dia 5 de outubro do ano passado, câmeras da CNN Brasil captaram algo que seria inimaginável, caso o Brasil fosse um país realmente sério e levasse as suas instituições constitucionais a sério. Na imagem vemos o então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli recebendo o presidente eleito do país no hall de entrada da sua residência. Os dois dão um forte e demorado abraço, coisa de amigo de fé, irmão camarada.

Agora, Dias Toffoli vê seu antigo ‘melhor amigo’, mandar sua polícia, a Polícia Federal (PF) solicitar do Supremo autorização para o investigar em suposta denúncia que consta da delação premiada do ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. Nela, Dias Toffoli teria sido beneficiado com dividendos financeiros em ação judicial.

Claro que a intenção de Bolsonaro e do seu governo não é investigar seja lá o que Dias Toffoli fez. O presidente quer afrontar o Supremo, que se configurou o maior inimigo do neobolsonarismo, sendo tema de fechamento em dez das dez manifestações públicas que os seguidores de Bolsonaro realizam no país desde o início da pandemia. Tudo porque os bolsonaristas, seguindo seu líder máximo, atribuem aos ministros da alta corte brasileira a determinação para que os governadores e prefeitos ajam em defesa da vida, providenciando ações para contenção da pandemia, através de isolamento social e outras medidas recomendadas pelas autoridades de saúde nacional e internacionalmente.

Vamos lembrar que ao escolher Dias Toffoli como palmatória desta briga intestinal com o Supremo, Bolsonaro atinge diretamente um ministro que sempre lhe foi cordial e até mesmo leal. Vale lembrar que Dias Toffoli ‘sentou’ por mais de um ano em cima de uma ação que visava investigar o filho zero um, o senador Flávio Bolsonaro.

Dias Toffoli também foi protagonista de uma cena, no mínimo, constrangedora quando era presidente do Supremo e foi se refastelar com Bolsonaro e uma meia-dúzia de deputadas bolsonaristas. Dias Toffoli se deixou fotografar em uma mesa ao lado de Bolsonaro, enquanto o presidente empilhava guloseimas recebidas de Minas Gerais que incluíam doce de leite, goiabada e pinga (cachaça).

O fato grave de toda essa história é que Bolsonaro vive emparedando os ministros do Supremo, inclusive mandando seus apoiadores realizarem atos em todo o país que visam claramente fechar o órgão máximo do Judiciário, instituindo uma ditadura, tendo Bolsonaro e seus filhos no comando.

Dias Toffoli, que no passado recente esteve intimamente ligado a Bolsonaro, agindo muitas vezes de forma dúbia, que, na prática, ajudava os planos do presidente, agora sofre na pele o ataque visceral do bolsonarismo. Esta é a primeira vez na história que a Polícia Federal pede para investigar um membro do Supremo Tribunal Federal, deixando nu todos os membros.

Provavelmente não será desta vez que Bolsonaro vai conseguir desmoralizar o STF, mas que ele tenta praticamente todos os dias, isso ele tenta.

Vamos ver até que ponto o poder supremo, mesmo sem armas bélicas, pode resistir aos ataques desenfreados de Bolsonaro e seus seguidores adeptos de ditaduras sanguinolentas e outras práticas que fazem ruborizar o maior de todos os reacionários.

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