Alunos da UFAL desenvolvem aplicativo Loodus para ensinar Libras a crianças surdas




Artigo Sobre Aplicativo Loodus

Por: Erika Basílio e Pedro Alencar

Desenvolvido por alunos de Ciências da Computação e Letras da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) com a ajuda e supervisão do Prof. Dr. Fábio Coutinho, o Loodus é um aplicativo que visa auxiliar no ensino de Libras a crianças surdas, mudas ou com algum tipo de dificuldade na fala ou audição.

A ideia inicial surgiu de uma dissertação de mestrado orientada pelo professor. Durante a pesquisa, foi identificado um problema relacionado ao atraso linguístico e como isso impacta a vida dos surdos, especialmente filhos de pais ouvintes.

Dado esse problema, chamado de descompasso linguístico, uma vez que uma criança ouvinte recebe estímulos desde a barriga da mãe, enquanto a criança surda nasce e a família ainda precisa encontrar e aceitar o diagnóstico, o objetivo do aplicativo é auxiliar na aquisição da língua de sinais.

“Esse fenômeno acaba sendo impactante até no desenvolvimento cognitivo e social dessa parcela da nossa sociedade. A gente encontra esse problema e vê também uma escassez de ferramentas que poderiam auxiliar nesse processo”, explica Coutinho.

Foto: Prof. Dr. Fabio Coutinho, um dos idealizadores do Loodus/reprodução aquivo pessoal

“Então a ideia de criar um projeto e desenvolver uma solução computacional para ajudar na aquisição da Libras vai nesse sentido também. Acho que o principal combustível para isso é a inclusão, um processo onde toda a sociedade deve estar incluída e a universidade não pode deixar de dar sua contribuição”, acrescenta.

O nome Loodus, o professor explica, tem tudo a ver com a ferramenta, que é voltada para crianças. “Um aspecto muito importante é o aspecto lúdico, é o brincar, e esse é um dos elementos mais importantes que a gente busca na ferramenta, além da proposta da aquisição da Libras em si. Então esse nome vem daí. Buscamos a mesma sonoridade do termo ludus, em latim, fazendo apenas uma modificação para ficar mais original, dando uma significância para o lúdico.”

Atualmente, existem aplicativos com propostas semelhantes, como o projeto TATU, mas o professor esclarece a diferença entre ele e o Loodus.

Foto: Aplicativo Loodus/reprodução Playstore

O professor lembra também que a ferramenta em si tem suas limitações e que é uma ajuda no aprendizado. “A aquisição de uma língua é um processo que envolve múltiplas interações, que não se faz unicamente por um aplicativo, mas ele sim contribui com isso, trazendo a língua de sinais e colocando a criança em contato com a língua de forma mais precoce.”

Apesar de ainda não ter sido lançado, o Loodus já recebeu feedbacks positivos.

“Apresentamos o protótipo para especialistas que trabalham com crianças surdas em escolas, além de termos intérpretes de Libras e professores da faculdade de Letras-Libras na equipe, além de alunos também do curso. Eles fazem a ponte com a comunidade surda e trazem feedback, que é muito importante e faz nosso protótipo evoluir para proporcionar um resultado mais impactante, relata o professor.

O público-alvo prioritário são as crianças surdas filhas de pais ouvintes, mas o professor lembra que também é importante os pais não surdos participarem e acompanharem para que eles tenham contato com a língua de sinais.

“Os pais não surdos também precisam aprender para estabelecer uma comunicação com os filhos, e o aplicativo também é um veículo para isso”, diz, lembrando também que há na ferramenta uma seção onde há uma tradução dos sinais para o português.

A expectativa é de que o aplicativo seja lançado até o começo de 2024, de forma gratuita e para sistemas Android e iOS. “Todos os envolvidos estão com grandes expectativas. Quem trabalha com a comunidade surda de perto e o pessoal que participa do projeto sempre compartilham conosco o apoio que têm das pessoas, principalmente de adultos que tiveram problemas do atraso linguístico.”, relata.

O esperado é que o aplicativo tenha impacto suficiente para que possa ser levado para escolas e até seja usado como ferramenta bilíngue, com surdos e ouvintes podendo usar seus recursos.


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