Alta no registro da sífilis no Brasil ocorre devido à falta de busca por tratamento, aponta enfermeiro

O registro da sífilis, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), continua em alta no Brasil. De acordo com dados do Ministério da Saúde, foram registrados mais de 167 mil novos casos em 2021 e, neste ano, até o mês de junho, mais de 79 mil novos casos, quase a metade do ano anterior, foram constatados.

Ainda segundo o Ministério, a sífilis apresentou crescimento contínuo no Brasil até 2018. Em 2019, os dados apresentaram estabilidade, eles registraram 77,8 casos por 100 mil habitantes. Já em 2020, devido a pandemia da covid-19, houve queda na detecção da sífilis em 24,1%, quando comparado com 2019. E no ano seguinte, em 2021, a taxa de detecção retornou ao patamar anterior a pandemia, com 78,5 casos por 100 mil habitantes.

Para o enfermeiro e docente do curso de Enfermagem do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), Carlos Queiroz, a alta de doenças infecciosas transmissíveis são refletidas pela falta de busca por tratamento, tendo em vista que a pessoa infectada acaba transmitindo a doença para outras pessoas e estas, por sua vez, transmitem para outros parceiros sexuais. Ele também aponta outras causas que podem explicar esse fenômeno e conta como evitar e tratar a doença, já que ela tem cura.

O enfermeiro destaca que a taxa elevada de casos também pode corresponder ao comportamento dos homens, que, geralmente, buscam pelos serviços de saúde menos do que as mulheres. “Os homens geralmente têm mais receio de ir ao médico do que a mulher e isso influencia para o maior número de casos. Não diria que essa explosão de sífilis é uma alteração de comportamento dos brasileiros”, enfatiza.

Mas, afinal, como evitar e reconhecer a sífilis? O docente conta que o uso correto e regular da camisinha, seja feminina ou masculina, ainda é a medida mais importante para evitar o contágio da sífilis. Além disso, o teste rápido, disponível em qualquer unidade de saúde, também é uma medida preventiva. Ele conta que, após a realização do exame, em cerca de 30 minutos, o paciente tem acesso ao resultado. Já sobre como reconhecer a doença, Carlos Queiroz diz que alguns sintomas são característicos da sífilis, como a ferida nas regiões íntimas, a exemplo do pênis, vagina, vulva, ânus e outros locais da pele.

“Os sinais da sífilis variam de acordo com cada estágio da doença. Na primária, a ferida aparece entre 10 a 90 dias após o contágio. Ela normalmente não dói, não coça, não arde e nem tem pus e pode estar acompanhada de ínguas (caroços) na virilha. Na fase secundária, os sinais aparecem entre seis semanas e seis meses do aparecimento da ferida inicial. Pode ocorrer manchas no corpo, febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo. Na fase latente, não há sinais. E a fase terciária, pode surgir de 2 a 40 anos do início da infecção. Ela costuma apresentar sinais como lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, que podem levar à morte”, relata.

Em caso de resultado positivo para a IST, Queiroz informa que o tratamento pode ser realizado em qualquer unidade de saúde. Para auxiliar no tratamento, o médico costuma prescrever a penicilina benzatina (benzetacil), que é a principal e mais eficaz medicação para o combate da doença.

“Quando a sífilis é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina. Este é o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê. A parceria sexual também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante”, esclarece.

O docente ainda informa que a cura da sífilis pode ser alcançada em uma ou duas semanas de tratamento. Mas frisa que, quando a doença não é tratada ou não é tratada corretamente, ela pode perdurar por dois anos ou mais. Por isso, cabe o acompanhamento do paciente após a realização do tratamento.

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