A História por trás do Natal: a incerteza da data de nascimento de Jesus e a influência das tradições pagãs na escolha do dia 25 de dezembro

No dia 25 de dezembro, milhões de pessoas ao redor do mundo celebram o nascimento de Jesus Cristo. No entanto, evidências históricas e bíblicas sugerem que essa data pode não ser exata. Estudiosos apontam várias razões que tornam improvável o nascimento de Jesus nesse dia.

De acordo com a Bíblia, não há menção explícita de uma data específica para o nascimento de Jesus, o que deixa a interpretação baseada em eventos e circunstâncias descritas. Um dos argumentos contrários à data de 25 de dezembro está relacionado ao clima em Israel naquela época do ano. Durante o inverno, era incomum que pastores estivessem ao ar livre com seus rebanhos, já que os campos ficavam improdutivos e o frio intenso dificultaria significativamente a viagem de Maria, grávida, de Nazaré a Belém.

Alguns estudiosos propõem que Jesus pode ter nascido entre o final de setembro e o início de outubro, coincidindo com a Festa dos Tabernáculos ou Festa da Colheita. Essa festa, de origem agrícola, marcava o fim da colheita de verão e era celebrada com tendas temporárias, simbolizando o êxodo dos judeus pelo deserto.

A adoção do dia 25 de dezembro como a data de nascimento de Jesus tem raízes históricas e culturais. Nos primeiros séculos, os cristãos não comemoravam o aniversário de Jesus, vendo tais celebrações como práticas pagãs. No entanto, em 354, o Papa Libério de Roma determinou a comemoração em 25 de dezembro, possivelmente alinhando-a com a Festa de Saturno, já celebrada em Roma. Essa data foi escolhida para substituir as festividades pagãs e foi estabelecida definitivamente por volta do ano 300, como parte de um esforço para cristianizar as celebrações populares da época.

A determinação do Papa Libério em 354 para celebrar o nascimento de Jesus em 25 de dezembro foi um ponto de inflexão significativo na história da Igreja. Essa escolha estratégica não apenas integrou as práticas cristãs com as celebrações romanas existentes, mas também simbolizou um esforço mais amplo da Igreja para transformar e recontextualizar as tradições e festivais pagãos.

Além da Festa de Saturno, outra influência possível para a escolha de 25 de dezembro como a data de celebração do nascimento de Cristo foi o Sol Invictus, ou “Sol Invencível”. Esta festa pagã, também celebrada em 25 de dezembro, era dedicada ao deus do sol e marcava o solstício de inverno, simbolizando a vitória da luz sobre as trevas. A adoção desta data pela Igreja Cristã pode ser vista como uma tentativa de reforçar a ideia de Jesus como a “Luz do Mundo”, superando a escuridão espiritual.

A falta de uma data precisa para o nascimento de Jesus na Bíblia indica que os primeiros cristãos davam mais importância à vida, ensinamentos e ressurreição de Cristo do que ao seu nascimento. Com o tempo, porém, a celebração do Natal ganhou importância, tornando-se uma das festividades centrais do Cristianismo, juntamente com a Páscoa.

Curiosamente, a escolha da data para o Natal também influenciou outras tradições cristãs. Por exemplo, a data de 25 de março, exatamente nove meses antes do Natal, passou a ser celebrada como a Anunciação – o dia em que o anjo Gabriel anunciou a Maria que ela daria à luz Jesus.

A escolha do 25 de dezembro como data para celebrar o nascimento de Jesus é um exemplo fascinante da interação entre práticas culturais e religiosas. Representa um esforço da Igreja primitiva para estabelecer uma identidade cristã distinta, ao mesmo tempo em que integra e reinterpreta tradições e festivais existentes. Essa data, embora historicamente imprecisa, tornou-se um poderoso símbolo do nascimento de Cristo e um lembrete anual de sua mensagem de amor, esperança e redenção.

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