‘A dona do pedaço’ estreia em clima de bang bang: famílias de pistoleiros e amor proibido

Quando “A dona do pedaço” estrear na noite de hoje, o público vai ser apresentado a uma espécie de faroeste contemporâneo. É que a nova história das nove, de Walcyr Carrasco, inicia com a rivalidade entre os Ramirez e os Matheus, famílias de pistoleiros do interior do Espírito Santo que matam e morrem na bala.

— É um drama épico, um começo muito forte com o ódio ancestral entre essas famílias — afirma o autor.

Já de cara, Genézio de Barros, o Ademir, patriarca dos Ramirez, aparece atirando contra um Matheus e recebendo o pagamento pela morte encomendada. Em outra situação, Vicente Matheus (Álamo Facó) surge baleando Hélcio (Dionísio Neto), o genro de Ademir.

— É um western à moda brasileira. Os inimigos nem sabem quando começaram a matar uns aos outros. Mas há anos que é esse toma lá dá cá — constata Genézio.

No meio desse clima de bang bang, que permeia a primeira semana da novela, surgem as juras de amor ao pé do ouvido entre Maria da Paz (Juliana Paes) e Amadeu (Marcos Palmeira). Ela, uma Ramirez. Ele, um Matheus. Pronto, já está armado o rebu, já que as famílias não querem esse romance.

Só que o casal está disposto a enfrentar essa guerra e, numa reunião entre os inimigos, Maria e Amadeu expõem seu amor e pedem trégua para que possam se casar.

— É uma cena dramática, em que meu personagem e Ademir, pais de Amadeu e Maria respectivamente, selam o pacto dando as mãos sobre armas na mesa — diz Luiz Carlos Vasconcelos, intérprete de Miroel.

Com os noivos no altar, uma balada pacífica deveria ser ouvida. Só que o som de um tiro acertando Amadeu é o gatilho para o retorno da hostilidade entre as famílias, e Maria é jurada de morte. O curioso é que Dulce (Fernanda Montenegro), avó da noiva, que autorizou a neta a se unir ao rapaz, é quem atenta contra ele. Se a atitude da matriarca dos Ramirez deixa todos admirados, a atriz surpreende ao aparecer armada.

— A ideia é essa, surpreender com Fernanda nessa posição. As grandes matriarcas são mulheres empoderadas. O público vai vê-la ensinando as netas a atirar. Até porque, naquele lugar, para sobreviver tinha que se saber manejar uma arma — analisa Carrasco.

Crítica às relações sociais do país

Dar vida aos chefes das famílias Ramirez e Matheus tem um significado maior para Luiz Carlos Vasconcelos e Genézio de Barros, os matadores Miroel e Ademir, respectivamente. Os dois veem as atitudes dos personagens como uma crítica social ao Brasil.

— A rivalidade deles é fruto de uma época, de uma região do país. Naquele lugar, no interior profundo do Espírito Santo, as leis e as regras sociais estabelecidas permitiram essa barbárie: “Foi contra mim, eu elimino; delegado é meu, pago a ele com cabeças de gado”. Esse pensamento de Miroel existe na vida real. Quando vejo um político que acha que tudo pode, que faz e desfaz na surdina, que tem um jeitinho de se manter e a seus protegidos, é uma versão de Miroel — discursa Luiz Carlos.

Genézio corrobora:

— A banalidade da vida é trazida para dentro dessas famílias. É interessante refletir. A luta entre Ramirez e Matheus aponta para as relações sociais do Brasil que precisam ser transformadas.

20/05/2019

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