64 vítimas de homofobia foram a delegacia especializada
Levantamento inédito aponta que 64 vítimas de homofobia e LGBTfobia procuraram a delegacia especializada em investigar, identificar e prender os agressores desses ataques contra em São Paulo. Os dados exclusivos da Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) foram obtidos pelo G1 por meio da Lei de Acesso à Informação.
A divulgação do balanço ocorre em meio às comemorações da 21ª Parada do Orgulho LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais e Travestis), que acontecerá neste domingo (18), com um desfile que partirá da Avenida Paulista, na região central da capital.
Na terça-feira (13), o G1 já havia publicado o mapa da homofobia na cidade, Grande São Paulo e outras cidades do estado. O mapa mostra os locais exatos onde ocorreram crimes por motivação homofóbica.
Agora, o recorte é outro, no qual é apresentado o número de boletins de ocorrência, inquéritos policiais e vítimas de intolerância por questões de gênero (veja abaixo).
Veja os atendimentos a vítimas de homofobia em SP
Ano | Boletins de ocorrência | Inquéritos policiais | Vítimas |
2016 | 57 | 25 | 64 |
2015 | 46 | 27 | 52 |
2014 | 57 | 25 | 68 |
2013 | 43 | 34 | 47 |
2012 | 37 | 43 | 45 |
2011 | 38 | 24 | 46 |
2010 | 40 | 17 | 44 |
2009 | 35 | 10 | 56 |
2008 | 23 | 7 | 26 |
2007 | 10 | 3 | 10 |
2006 | 7 | 4 | 7 |
TOTAL | 393 | 219 | 465 |
Dez anos
Em 2015, o número de vítimas de LGBTfobia foi menor: 52. O recorde de vítimas, porém, continua sendo de 68 pessoas que procuraram a Decradi em 2014.
De 2006, quando a Decradi foi criada, até 2010, a delegacia registrou 393 BO´s, instaurou 219 IP´s e atendeu 465 pessoas que sofreram algum tipo de violência simplesmente por terem uma orientação sexual diferente da do agressor. Boletins de ocorrência são as queixas, os inquéritos são investigações feitas a partir dos registros dos BO´s.
Mas esse número de ocorrências, inquéritos e vítimas pode ser ainda maior. Isso porque a análise dos dados acima se refere somente à delegacia especializada, que investiga crimes de autoria desconhecida. Contudo, muitas pessoas também registraram queixas em distritos policiais e boletins eletrônicos, pela internet.
Como a homofobia ainda não é considerada crime no Brasil, ela aparece apenas como motivação. Os crimes mais comuns onde ela aparece são: injúria, ameaça, lesão corporal, constrangimento ilegal, entre outros.
Vale ressaltar que não há, no entanto, casos de homicídio mapeados, já que a motivação desse tipo de crime só é conhecida durante a investigação.
Mapeamento
Entre as vítimas, estão adolescentes, adultos e idosos. Os principais casos estão circunscritos à região central, onde estão as ruas Augusta e da Consolação e a República e o Largo do Arouche, locais bastante frequentados pelo público LGBT.
Em dez anos, o perfil dos agressores mudou. Antes eram vizinhos, colegas de trabalho e até parentes. Agora são anônimos que atacam principalmente pela internet, dizem os responsáveis pela Decradi.
“A Decradi é a delegacia especializada para coibir e apura todos os delitos relacionados à intolerância e aos delitos de preconceito. Toda forma de preconceito é coibida, apurada e penalizada”, disse a delegada Kelly Andrade, da Divisão de Proteção à Pessoa do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), responsável pela Decradi.
Quando o assunto é o combate à intolerância LGBT, algumas vítimas fazem questão que as motivações levem em conta suas identidades sexuais. Os termos são diferentes: lesbofobia, homofobia, transfobia, LGBTfobia…
Em São Paulo, no entanto, apenas em novembro de 2015 os boletins de ocorrência passaram a contar com um campo para o nome social da vítima e para a motivação.
17/06/2017