Veja como ser um seguidor raiz do presidente Bolsonaro

Apesar de estar em baixa, o presidente Jair Bolsonaro ainda carrega um grande número de seguidores. Destes, apenas um pouco mais de 10% são considerados raiz mesmo, aqueles que vão até ‘a morte’ pelo seu ‘mito’.

Pensando nisso, elaborei um manual prático de como você que ainda não está na lista ‘vip’ dos seguidores mais prestigiados do presidente Bolsonaro possa se orientar e, finalmente, ser considerado um seguidor raiz bolsonarista.

Em primeiro lugar você precisa estar na faixa etária dos 45 aos 90 anos. Ter pelo menos uns quatro Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) cancelados por algum tipo de irregularidade. Se for mulher tem que aceitar que os homens mandam e ponto final, isso é a ‘lei da natureza e de Deus’. Sim, não pode esquecer de ser profundo conhecedor dos hinos militares e cantá-los aos plenos pulmões, apesar da Covid. Pronto, você já se encaixou na base do bolsonarismo.

Agora é preciso avançar para as próximas etapas da ‘seleção’, onde você terá que se enquadrar em uma série de diretrizes obrigatórias. Vamos a elas. Em tempos de pandemia, você precisa desrespeitar o distanciamento social e brigar com caixas e funcionários de padarias, shopping, supermercados e postos de gasolina, insistindo para permanecer sem máscara, afinal você não nasceu para andar com ‘funcieira’. Seguindo essa diretriz, você precisa correr para uma farmácia mais próxima e adquirir seu estoque anual de ivermectina e clororiquina, receitados pelo ‘mito’ como tratamento precoce contra a Covid. Claro que você não deve acreditar nos cientistas comunistas que dizem que estes remédios não tem qualquer eficácia contra o vírus e ainda podem causar falência dos rins, fígado e pâncreas, levando você à morte ou a um tratamento para o resto da vida numa cadeira de hemodiálise ou mesmo ficar na fila para o transplante de fígado ou rim. Isso tudo é mentira dos esquerdistas que querem que você tome a vacina Chinesa ou Russa que vem com um chip microscópico capaz de te transformar em um comunista.

Com relação aos aspectos ideológicos, os candidatos a bolsonaristas raiz devem acreditar piamente que existe um grande complô interplanetário envolvendo comunistas perigosos e esquerdistas alienígenas em geral para destruir suas crenças cristãs e de homem de bem, temente a Deus e bom chefe de família.

Como bom bolsonarista você deve defender obrigatoriamente o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF), Congresso Nacional e instalar uma ditadura com Bolsonaro como líder máximo, tendo seus filhos zeros como uma espécie de família real miliciana ditatorial.

Outra diretriz obrigatória se relaciona às questões sociais. Você deve defender o livre mercado e propagar as maravilhas do empreendedorismo, orientando as pessoas a alugarem carros e trabalharem 16 horas por dia atrás de um volante para faturar pouco mais de um salário mínimo por mês, sem qualquer benefício ou direito trabalhista. Assim, você propaga o paraíso neoliberal de que é possível viver das suas próprias forças e que direito trabalhista é coisa de pobre que não tem iniciativa empreendedora. Outra forma de empreender é vender produtos na internet, transformando sua casa ou apartamento em um grande depósito de quinquilharias de terceira categoria. As possibilidades para os bolsonaristas serem considerados ‘empresários’ ou empreendedores de sucesso são inesgotáveis. Tem ainda as pirâmides financeiras como última alternativa para você enriquecer o crime organizado mundo afora.

Por fim e não menos importante, é preciso que você xingue o petê, Lula e todo e qualquer esquerdista, chamados de esquerdopatas. Além disso, você tem como obrigação protocolar para ser considerado um bolsonarista raiz odiar negros, gays, feministas e pobres em geral, mesmo você sendo um pobre em potencial, mas que tem um carro financiado e por isso está na ‘classe média, média’.

Pronto, se você seguir todas essas poucas diretrizes pode ser finalmente reconhecido pelo mito como um dos seus gados seguidores, mesmo que tenha que destruir um país, acabar com a economia nacional, transformando uma das maiores nações do planeta em chacota internacional.

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