Tia de Elize diz que sobrinha nunca relatou agressão e que Marcos parecia ser bom

Roseli Araújo foi a segunda testemunha a prestar depoimento no 4° dia de julgamento. Ela também afirmou que sobrinha se arrepende e sente saudades da filha.

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Roseli Araújo, tia de Elize Matsunaga, disse que a sobrinha nunca relatou ter sido agredida pelo marido, e não chegou a presenciar brigas entre o casal. Ela também afirmou que o empresário parecia ser “bom”. Roseli foi a primeira testemunha de defesa a ser ouvida e a segunda a falar no quarto dia de julgamento. Elize chorou durante todo o depoimento.

Roseli ficou no apartamento da sobrinha quando a polícia investigava o sumiço de Marcos e permaneceu no imóvel após a prisão de Elize para cuidar da filha do casal.

No depoimento, ela também afirmou que sua família não sabia que Elize era garota de programa. A tia da ré contou sobre o histórico familiar da sobrinha, que foi abandonada pelo pai, e abusada sexualmente pelo padrasto.

Segundo Roseli, Elize contou a ela sobre a suspeita de traição, e que teria contratado um detetive para investigar, mas nunca mencionou desejo de matar o marido ou se vingar. Manifestava, entretanto, vontade se separar.

Ela ainda afirmou que durante as visitas à sobrinha na penitenciária, Elize disse que se arrependia de ter cometido o crime e sentia saudades da filha. A menina está sob os cuidados dos pais de Marcos. Roseli considera que os avós paternos são bons para a criança, mas lamenta ter sido proibida por eles de ver a sobrinha-neta.

Anulação
A defesa de Elize Matsunaga, acusada de matar e esquartejar o marido, Marcos Matsunaga, pediu nesta quinta-feira (1º) a anulação do julgamento do caso, iniciado na última segunda-feira. Os advogados Luciano Santoro e Roselle Soglio alegaram ao juiz Adilson Paukoski que duas testemunhas de acusação haviam conversado sobre o processo antes de depoimento no tribunal. O juiz, no entanto, rejeitou o pedido, afirmando não ter havido prejuízo ao processo.

O júri, realizado no Fórum da Barra Funda, Zona Oeste de São Paulo, entrou no seu quarto dia. O término estava previsto para sexta-feira (2), mas já existe a previsão de que os trabalhos se estendam até domingo (4).

O pedido dos advogados de Elize foi feito durante o depoimento do médico Carlos Coelho, perito que acompanhou a exumação do corpo de Marcos. Ele foi questionado pela defesa da ré se havia tido conversa com o médico-legista e perito Jorge Oliveira, que depôs na quarta-feira e afirmou que Elize degolou o marido ainda vivo. Coelho respondeu que sim, que a conversa havia ocorrido na terça ou na quarta-feira, antes do depoimento de Pereira.

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O advogado Luciano Santoro, junto com Roselle, pediu, então, a “dissolução do conselho de sentença”, que é o corpo do júri. Em outras palavras, significa anular o julgamento e marcar novo júri.

Ao pedir a dissolução, a defesa afirmou que se baseou no artigo 460 do Código de Processo Penal, que diz que “antes de constituído o Conselho de Sentença, as testemunhas serão recolhidas a lugar onde umas não possam ouvir os depoimentos das outras”. Para os advogados, isso impede conversa prévia das testemunhas sobre o caso analisado. Ao negar o pedido da defesa, o juiz Adilson Paukoski informou que a solicitação vai constar em ata do processo.

Para o promotor José Carlos Cosenzo, o pedido da defesa para anular o júri não se justifica. “Não cabe dissolução porque a testemunha [Coelho] não ouviu o depoimento do Jorge”, explicou.

Segundo Carlos Coelho, ele havia perguntado ao médico-legista Jorge Oliveira por que foi feito um único laudo em forma de adendos em vez da emissão de diferentes laudos. Oliveira teria respondido que preferiu fazer desta forma para não correr risco de perder algum dos laudos.

Em seu depoimento, o médico Carlos Coelho também disse que o esquartejamento ocorreu quando a vítima estava “viva ou perto de morrer”, podendo já estar em estado de coma.

Elize em silêncio
Mais cedo, nesta quinta, a defesa de Elize Matsunaga informou que ela ficará em silêncio quando for interrogada pela acusação. “Elize não irá responder às perguntas da Promotoria e da assistência da acusação”, disseram Luciano Santoro e Roselle Soglio. Eles, no entanto, não explicaram porque a ré ficará em silêncio quando for interrogada pelo promotor José Carlos Cosenzo e pelo assistente, o advogado Luiz Flávio d´Urso.

“Ela já havia deixado de responder as perguntas deles durante a fase de audiência de instrução e manterá a mesma postura”, reforçou Santoro. “Ela só vai responder às perguntas do juiz e da defesa”. Ele não informou se os questionamentos dos jurados também ficarão sem resposta.

O silêncio de Elize já era esperado pelo promotor Cosenzo. Na quinta, ele já havia dito, em tom de ironia, que “de onde menos se espera não vem nada mesmo”. “Se eu fosse ela, não responderia o que eu ia perguntar mesmo, porque eu sei o que vou perguntar e ela não sabe como responder”, concluiu.

O interrogatório de Elize acontecerá somente após o fim dos depoimentos de todas as testemunhas, que ainda não acabaram. Elas começaram a ser ouvidas na segunda-feira (28), quando teve início o júri popular.

g1

01/12/2016

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