Situações da pandemia prejudicam saúde mental de crianças

Foto: Ilustração

Crianças e adolescentes que, por força da pandemia, têm ficado mais tempo em suas casas, sem poder ir à escola ou a outros ambientes, estão cada vez mais vulneráveis em sua saúde mental, apresentando mudanças repentinas de comportamento. Meninos e meninas que até então eram mais alegres e ativas, têm ficado mais tristes, retraídas e com sinais de depressão, irritação, choro e hiperatividade, entre outros. Isso foi constatado em uma pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e da Federação das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Tais mudanças de comportamento foram relatadas em pacientes atendidos durante a pandemia por 88% dos 1.525 profissionais entrevistados em todo o país.

Para a professora Camille Cavalcanti Wanderley, do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), que também é especialista em orientação parental, tais impactos na saúde mental das crianças são sentidos igualmente por todo o núcleo familiar.

“Todos os seres humanos estão passando por momentos de muita dificuldade, onde a população, de uma hora para outra, vê todos os seus costumes e hábitos passarem por transformações, e isso impacta. Muitas vezes os pais, além da demanda do trabalho, estão tendo a demanda da própria casa, sem estrutura adequada. Isso eleva o nível de ansiedade, de estresse dentro do ambiente familiar”, afirma ela.

Ainda de acordo com Camille, a falta de manejo da família com o ambiente psicológico da casa faz com que a criança termine convivendo com essas situações de estresse e sofra com situações que vão do abandono às agressões verbais e físicas.  Isso passa também pelos crimes sexuais cometidos através da internet. “As crianças estão convivendo muito no ambiente virtual por conta da pandemia e também estão expostas a um risco muito grande. Muitas vezes, os pais estão despreparados sobre como lidar com essa situação da internet e utilizando também as telas como recurso de entretenimento para essas crianças, não têm noção do perigo que elas estão correndo”, alertou.

A falta do ambiente escolar, visto como ponto de refúgio e de denúncia, faz com que muitos destes casos sejam omitidos ou subnotificados aos órgãos de proteção à infância e à adolescência. E além disso, segundo a psicóloga, afeta significativamente a formação social da criança, principalmente as que estão em fase de desenvolvimento e interação com outras pessoas. Para ela, o convívio social é fundamental para formar o caráter e a personalidade de meninos e meninas.

Os pais, além de ficarem atentos às mudanças de comportamento, também precisam de ajuda profissional para saber lidar com as questões suscitadas por este momento de pandemia, principalmente na relação com os filhos. “Nós não passamos por outra pandemia de tal dimensão. Então, não temos repertório para saber lidar com várias situações em que nós estamos sendo colocados. Isso tudo causa uma desarmonia no ambiente familiar. Daí, a importância da orientação parental, para saberem reconhecer seus sentimentos, lidar com suas crianças e com o momento em que elas vivem”, orienta a professora.

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