Sindicato aponta falhas de segurança no Hopi Hari e pede fechamento do parque

Assessor jurídico diz que estabelecimento não está passando por manutenção. Já a nova gestão afirma que todas as atrações abertas são seguras.

O Sindicato dos Trabalhadores de Parques de Diversão (Sindiversão) disse, nesta terça-feira (9), que a falta de manutenção e o uso de gerador colocam em risco os visitantes do Hopi Hari, em Vinhedo (SP). Além disso, a instituição pede o fechamento do estabelecimento, que vive uma crise financeira. Já a nova gestão afirma que todas as atrações abertas oferecem segurança.

“O parque teria que estar fechado. Como é que esse parque está aberto? […] Queremos o fechamento do parque, para que a gente possa avaliar o que está acontecendo, quais são as condições dos trabalhadores lá”, afirma Matheus Lima, assessor jurídico do sindicato, segundo o G1.

Corte de energia

No dia 10 de abril, o parque teve a energia cortada pela Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL) por falta de pagamento e desde então, funciona à base de geradores.

“Isso tá um perigo. O perigo é que o gerador não consegue gerar a mesma energia de uma fornecedora normal, isso pode colocar em risco a vida das pessoas”, destaca o assessor.

Lima afirma ainda que o parque não tem passado por manutenção, o que aumenta o perigo para os frequentadores.

“Se você perguntar para mim hoje, eu falaria para a população, ‘olha, se você quer arriscar vai, mas eu não vou, porque não tem manutenção’. A equipe de manutenção hoje não está trabalhando lá. Como é que você vai colocar uma criança lá?”, questiona.

No entanto, segundo Lima, os trabalhadores também estão em risco. “Quer abrir o parque? Então, nos apresente as condições, nos de certeza de que eles estão seguros. Tá sem seguro lá. Se o trabalhador está segurado, o visitante está também”, ressalta.

Sobre o seguro, a nova gestão disse que no Brasil não há seguradoras especializadas nesta área e que isso dificulta a contratação, mas que está tentando resolver. Entretanto, destaca que a ausência dele não tem nenhuma relação com a manutenção.

“Nunca escondemos de ninguém que a tarefa assumida seria difícil e árdua. Os erros das antigas gestões são muitos e é humanamente impossível resolvê-los em 30 dias”, consta na nota da direção.

Sem registro e salários

O sindicato explica ainda que desde fevereiro os trabalhadores estão sem receber os salários e afirma que muitos nem possuem registro.

“A situação é crítica demais. Os trabalhadores estão sem registro e você não tem poder, você vai fazer greve com quem está passando fome?[…] Ele (o novo presidente) chamou meia dúzia de trabalhadores sem salários, passando fome, com um monte de dívida. Ele deu R$ 500 para cada um e os caras voltaram a trabalhar”, pontua.

O sindicato disse ainda que aguarda a Justiça marcar uma audiência que vai tratar da situação dos trabalhadores do parque, onde pedirá o fechamento do estabelecimento.

“Para que a gente possa avaliar o que está acontecendo, quais são as condições dos trabalhadores lá, ver se eles estão correndo risco de ter um processo por um crime que não cometeram, ou que foram obrigados a cometer, porque uma pessoa vai lá e pode acabar sofrendo um acidente”, conclui Lima.

Sobre a falta de energia no parque, a CPFL informou que segue em negociação com o cliente e que uma proposta de parcelamento da dívida está sendo discutida entre as partes.

Parque funcionando

A nova gestão disse que, apesar das dificuldades, tem mantido o parque aberto e funcionando, e com todas as garantias para seus visitantes. A direção nega um possível fechamento.

Além disso, afirmou que todas as atrações abertas estão com sua manutenção em dia e oferecem toda a segurança possível e que o parque divulga na sua página na internet, e na entrada, a lista de brinquedos parados.

Dias atrasados

Em janeiro, uma decisão da Justiça, em resposta a uma ação civil pública proposta pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) contra o Hopi Hari, após a comprovação de que a empresa não estava quitando os salários dos empregados, concedeu uma liminar obrigando o estabelecimento a pagar todos os vencimentos dos trabalhadores, além do vale alimentação em dia.

Para impedir que a prática continuasse ocorrendo, foi estipulada uma multa de R$ 100 por obrigação descumprida e por trabalhador. Mas, o MPT pedia na ação que esse valor fosse de R$ 1 mil.

No entanto, a empresa segue descumprindo a decisão judicial.

Crise no Hopi Hari

No dia 29 de abril, o novo presidente do parque, José Luiz Abdalla, disse que como o estabelecimento mudou de gestão passava por um período de transição e que o estabelecimento estava em fase de reestruturação.

Ele disse também que estava tomando todas as providências para garantir o funcionamento do estabelecimento comercial.

No ano passado, a Justiça aceitou o pedido de recuperação judicial feito pelo parque de diversões. A solicitação é uma tentativa da empresa de se reorganizar para pagar as dívidas e evitar a falência.

Morte no parque

Em janeiro, a Justiça condenou três funcionários do parque de diversões Hopi Hari pela morte da estudante Gabriela Yukari Nichimura em fevereiro de 2012. De acordo com o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), os réus receberam a sentença de 2 anos e 8 meses de prisão no processo por homícidio culposo, mas o juiz reverteu a pena para prestação de serviços à uma comunidade e pagamento de um salário mínimo para uma entidade social.

Segundo a nota oficial do TJ-SP, outros cinco funcionários foram absolvidos. De acordo com o promotor do caso, Rogério Sanches, o processo foi desmembrado e a condenação publicada abrange apenas os que trabalhavam na operação e manutenção do brinquedo que a adolescente caiu.

Os outros quatro réus são ex-diretores e o ex-presidente do parque Armando Pereira Filho, que havia sido excluído do julgamento, mas voltou ao processo após decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Eles não têm prazo para serem julgados. O Ministério Público disse na época que ia recorrer da absolvição de quatro funcionários.

Recuperação judicial

Em outubro do ano passado, a Justiça aprovou o pedido de recuperação judicial feito pelo parque de diversões Hopi Hari. A solicitação é uma tentativa de se organizar para pagar as dívidas e evitar a falência. Junto com a decisão, foi determinado também o congelamento das ações e execuções contra o estabelecimento por seis meses, exceto as que demandam quantias ilíquidas, fiscais e ações trabalhistas.

Em agosto, a empresa entrou com o pedido para evitar a falência do empreendimento e tentar conseguir investidores para pagar uma dívida de R$ 330 milhões com credores. Na época, o advogado do parque, Daltro Borges, afirmou que pelo menos 50% da dívida do local era com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, por isso, sem a recuperação judicial, ficaria impossível ter acesso às linhas de crédito e o grupo seria obrigado a decretar falência.

Montanha-russa

Em julho do ano passado, a juíza Carolina de Figueiredo Dorlhiac Nogueira, do Foro Central Cível de São Paulo, autorizou o empresário Cesar Augusto Federmann a fazer a retirada de uma montanha-russa do parque.

O brinquedo tratado no processo, uma montanha-russa de dez inversões, era prevista como nova atração, mas estava desmontada e o prazo para abertura aos visitantes não foi confirmado pelo parque.

Em nota divulgado na época, o Hopi Hari alegou que todas as questões judiciais foram encerradas por meio de acordo enviado para a Comissão de Valores Mobiliários.

Em janeiro do ano passado, o empresário acionou a Justiça de Vinhedo para cobrar R$ 5,9 milhões do parque, referentes a um empréstimo feito em dezembro de 2014 e acréscimo de juros. Contudo, o pedido foi indeferido no mesmo mês pelo juiz da 1ª Vara Cível.

Paralisações

No mês de agosto, os funcionários do parque fizeram paralisações por falta de pagamento em duas ocasiões e os turistas que vieram de outras cidades ficaram sem acesso ao espaço. Na época, a empresa não confirmou a greve e disse que o local estava em manutenção.

09/05/2017

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