Saúde mental precisa de atenção para não interferir nas tarefas do dia a dia

Durante as Olimpíadas de Tóquio 2020, realizadas este ano, a ginasta americana Simone Biles mostrou que um dos maiores concorrentes dos atletas de alto rendimento é a saúde mental. Ela desistiu das finais de várias provas e voltou para casa com apenas duas das muitas medalhas tidas como garantidas. Ainda em 2021, a tenista Naomi Osaka também não suportou as pressões e desistiu de dois grandes torneios. Mas, bloqueios como esses não são restritos apenas aos atletas.

Desde o início da pandemia, os casos de problemas de transtornos e de saúde mental aumentaram, afastando profissionais dos postos de trabalho e dificultando a relação com familiares e amigos. Para a coordenadora do Serviço de Psicologia da Santa Casa de Maceió, Thaysa Alencar, é natural que quando estamos diante de situações que sugerem perigo ou ameaça, alterações físicas e emocionais ativem o mecanismo de luta ou fuga. Mas quando isso atrapalha as ações do dia a dia, o alerta precisa ser ligado.

Thaysa Alencar, psicóloga da Santa Casa de Maceió

“Apesar do medo instalado durante a pandemia, nem todos seguiram as recomendações para a segurança pessoal e coletiva, apresentando um processo de negação, ampliando a sensação de incerteza. O caso de Simone Biles é diferente. Ela reconheceu e legitimou o processo de adoecimento psíquico e emocional, priorizou sua saúde mental, decidindo parar e não agravar tais questões ou acabar se lesionando fisicamente por não estar bem. Talvez algumas pessoas aceitassem melhor se ela tivesse anunciado que pararia por uma questão física/orgânica. Hoje, existe o entendimento de quanto mais falarmos sobre o assunto, melhor. Pessoas de reconhecimento mundial, como Biles e Osaka, podem ajudar outras a reconhecer e legitimar seu sofrimento psíquico, o que facilitaria a compressão que ajuda profissional é a estratégia mais adequada para lidar com a situação”, disse a psicóloga da instituição.

Segundo dados da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, em 2020, foram executados mais de 576 mil afastamentos, uma alta de 26% em relação ao registrado em 2019. As dificuldades de adaptação ao home office e incertezas sobre o futuro estão entre os efeitos da pandemia na saúde mental de trabalhadores, além de ansiedade, depressão e síndrome do pânico.

“É preciso estarmos atentos e reconhecer a importância do cuidado com a saúde mental tanto quanto ao físico/orgânico, pois ela também pode ser incapacitante. Talvez o primeiro passo seja aceitar o que está sentindo e valida-lo. Negá-los não é a melhor forma de lidar. O segundo é acreditar que um profissional especializado pode ser essencial para ajudar a lidar com as questões apresentadas. Um processo terapêutico vai ser um grande aliado”, avalia Thaysa Alencar.

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