Saiu o edital da PRF

Em fevereiro, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, anunciou que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) iria contratar centenas de novos agentes para o efetivo nacional ainda em 2018. Era a resposta que o órgão esperava desde maio de 2017, quando enviou um pedido oficial de concurso para o Ministério do Planejamento com 1,3 mil vagas.

À época, segundo a Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), o déficit da PRF era de cerca de dois mil servidores. A grande preocupação estava no volume de aposentados: ao fim de 2017, 3 mil agentes ficaram legalmente livres para pedir a jubilação, reduzido o efetivo total do Brasil para 7.295 policiais — por lei, o país precisa ter 13 mil agentes.

Em março, Jungmann voltou a dizer que apenas trâmites burocráticos impediam a publicação do edital, mas apenas em junho é que os pré-candidatos tiveram uma notícia concreta sobre o concurso PRF: naquele mês, o diretor-geral do órgão, Renato Dias, afirmou que estava negociando com o Ministério do Planejamento a adição de mais 500 vagas ao certame.

Com as conversas, o documento, que era esperado para junho, ficou para o segundo semestre, mas a PRF estava confiante em conseguir convencer o governo a oferecer mil vagas. No final, o projeto não deu certo.

“O custo é o mesmo, seria um desperdício de dinheiro”, afirmou o vice-presidente da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais (FenaPRF), Dovercino Neto, ao jornal Folha Dirigida à época. Ele e outros membros da entidade se encontraram com Jungmann em Brasília no final de junho para apresentar um estudo que classificava como “gravíssimo” o estado do órgão atualmente.

“Tem unidades que funcionam com apenas dois policiais”, reclamou. A FenaPRF ainda disse que havia viaturas paradas e postos sendo fechados em locais importantes do país, como fronteiras.

Em agosto, Raul Jungmann afirmou durante evento no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro, que o edital sairia ainda naquele mês. Segundo ele, o documento estava pronto e dependia apenas da escolha da banca organizadora para ser oficialmente publicado. Na semana seguinte, o superintendente da PRF em Pernambuco, Alexandre Rodrigues, disse que o concurso conheceria suas regras em setembro.

No entanto, setembro chegou sem que o edital saísse, gerando reclamações dos pré-candidatos. Em outubro, a PRF respondeu que dependia da escolha da banca organizadora do exame, que era feito pela corporação do órgão e pela Consultoria Jurídica do Ministério da Justiça — no final daquele mês, a Cebraspe seria escolhida.

O novo atraso foi criticado na ocasião pelo diretor-jurídico do Sindicato dos Policiais Rodoviários Federais no Estado do Rio de Janeiro (SinPRF-RJ), Márcio Luiz. “O que motivou a prorrogação e o não cumprimento de todos os prazos antigos foi a tentativa de aumentar o quantitativo para, pelo menos, mil vagas de policial rodoviário federal. O aval já saiu e confirmou as 500 previstas. Logo, não há mais qualquer razão que justifique um novo atraso”, explicou em entrevista à Folha Dirigida.

Sem prazos, os veículos especializados no setor, como a Gran Cursos Online, especulavam que o cronograma do concurso seria público até o final do ano. Pelas regras estabelecidas em julho e revistas em outubro, o órgão tinha até janeiro de 2019 para lançar o edital.

Finalmente, no final de novembro, a PRF anunciou que o documento estava pronto. No mesmo dia da publicação (28), o Cebraspe, que vai organizar o certame, já fez a primeira mudança, mas a estrutura principal permanece a mesma.

Os candidatos precisam ter ensino superior completo, carteira de habilitação e ter entre 18 e 65 anos e, se aprovados, vão receber um salário de R$ 10.357,88, já incluso o vale-alimentação de R$ 458 mensais. As vagas estão lotadas em 17 estados, sendo que Pará, com 88, Rondônia, com 74, Matro Grosso, com 57, e Mato Grosso do Sul, com 35, são os principais. Há ainda lugares no Acre (17), no Amapá (23), no Amazonas (28), na Bahia (17), em Goiás (27), no Maranhão (18), em Minas Gerais (9), no Piauí (22), no Rio de Janeiro (10), no Rio Grande do Sul (23), em Roraima, (15), em São Paulo (19) e em Tocantins (25).

As inscrições para o concurso da PRF começaram no dia 3 e vão até o dia 18 no site da Cebraspe. Os candidatos precisam pagar uma taxa de R$ 150 para fazer a prova, mas há possibilidades de pedir isenção. O exame será aplicado em todos os lugares onde há vagas no dia 3 de fevereiro, durante a tarde. A confirmação dos locais de prova saem um pouco antes, no dia 30 de janeiro.

Se aprovados no exame teórico, a seleção ainda possui outras seis etapas: teste de capacidade física, avaliação de saúde, avaliação psicológica, avaliação de títulos, investigação social e curso de formação.

“A publicação do edital é apenas parte do caminho para o ingresso de novos policiais. Antes mesmo do anúncio do concurso, em fevereiro, já estávamos tomando medidas para aperfeiçoar o perfil profissiográfico que queremos, de maneira que tenhamos a seleção daqueles que realmente são vocacionados para o trabalho policial e para a PRF”, afirmou o diretor-geral do órgão, Renato Dias, horas depois da publicação.

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