Robô chinês faz descoberta surpreendente sobre a Lua

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Devido a um defeito, o robô lunar chinês perdeu os movimentos, e agora usa seus instrumentos para estudar apenas o local onde se encontra, o mesmo destino do robô marciano Spirit.[Imagem: CNsa/CLEP]

Amostras da Lua

O robô chinês Yutu, que está na Lua desde Dezembro de 2013, descobriu que a composição lunar é bem mais diversa do que se imaginava.

As missões Apolo e as sondas soviéticas Luna (1970-1976) trouxeram amostras da Lua, que têm sido extensivamente estudadas e fundamentado uma série de teorias sobre a composição e a formação da Lua.

Contudo, os instrumentos do Yutu descobriram um tipo de rocha que nada tem a ver com aquelas trazidas há quase cinquenta anos.

Ao contrário das áreas densamente cobertas pelo regolito, a poeira lunar, a cratera Zi Wei, onde Yutu está, possui um tipo de rocha chamada basalto bastante exposta, o que permitiu seu estudo em forma mais “pura” – as amostras trazidas pela Apolo e pela Luna também são basaltos, rochas que na Terra têm origem vulcânica.

Titânio na Lua

Os estudos anteriores tinham revelado que a Lua possuiria rochas de teor de titânio muito alto ou muito baixo – mas não no nível médio.

O titânio é particularmente útil no estudo do vulcanismo – que os cientistas acreditam ter sido intenso nos primórdios da Lua – devido a essa larga variação na concentração, de menos de 1% de TiO2 até mais de 15%. Essa variação reflete diferenças nas regiões do manto onde se origina o magma expelido pelos vulcões.

Agora, o Yutu descobriu que o basalto na cratera Zi Wei tem concentrações intermediárias de titânio. Contudo, de forma um tanto paradoxal, ele é também rico em ferro.

Isso não apenas é diferente das amostras estudadas anteriormente, como está em desacordo com as medições feitas por instrumentos a bordo de sondas orbitais, mostrando a importância de verificação local das medições feitas a partir do espaço.

“A distribuição variável do titânio sobre a superfície lunar sugere que o interior da Lua não foi homogeneizado. Nós ainda estamos tentando imaginar exatamente como isso aconteceu. Possivelmente houve grandes impactos durante o estágio ‘oceano de magma’ que interrompeu a formação do manto,” disse o pesquisador Alian Wang.

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Os resultados, feitos em rochas expostas, não recobertas pelo regolito, mostram a importância de checar localmente as medições feitas por sondas espaciais em órbita. [Imagem: Zongcheng Ling et al.]

Mistério mineralógico

Conforme explica Alian, no processo de vulcanismo os minerais se cristalizam em uma determinada ordem.

Normalmente, os primeiros a se cristalizar são aqueles ricos em magnésio (olivina) e ferro (piroxênio), que são um pouco mais densos que o magma, afundando através dele. A seguir, cristaliza-se um mineral (feldspato plagioclásio) que é menos denso e flutua na superfície do magma. Esse processo de separação por cristalização teria levado à formação do manto e da crosta da Lua conforme o oceano de magma original se resfriou.

O titânio forma um mineral chamado ilmenita (FeTiO3), que normalmente só se cristaliza em uma fase muito tardia, quando apenas cerca de 5% do oceano de magma original continua fundido. Quando finalmente se cristaliza, o material rico em ilmenita, que também é denso, afunda no manto, formando áreas ricas em titânio – um depósito mineral, que pode até virar uma mina, caso a concentração do metal seja elevada o suficiente.

O enigma é que as rochas estudadas pelo Yutu são ricas em olivina (que se cristaliza primeiro) e em ilmenita (que se cristaliza tardiamente).

“Ainda é necessário explicar como você obtém uma rocha rica em olivina e rica em ilmenita. Uma forma é que você tem um mix, ou uma hibridação, de duas fontes diferentes,” sugere Alian. Essas fontes seriam o vulcanismo e, por exemplo, o impacto de asteroides, sugerem os pesquisadores.

Qualquer que seja a explicação, o quadro que emerge a partir destes novos estudos é o de uma Lua muito mais dinâmica do que se acreditava até agora, com uma mineralogia até mais variável do que o da própria Terra.

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