Redes sociais devem coibir notícias falsas com mais antecedência nas eleições, segundo Avaaz

U.S. Department of Homeland Security (DHS)
Invasão do Capitólio por extremistas em janeiro foi motivada pela disseminação de notícias falsas sobre fraude nas eleições presidenciais norte-americanas

Para combater a disseminação de notícias falsas (fake news) durante as eleições é preciso um engajamento das plataformas virtuais com grande antecedência, segundo a conclusão de uma pesquisa realizada pela organização Avaaz durante as eleições do ano passado nos Estados Unidos. A Avaaz é uma rede de mobilização social global financiada por doações de pessoas físicas.

A coordenadora sênior de campanhas da Avaaz, Laura Moraes, participou nesta sexta-feira (9) de reunião virtual do grupo de deputados que analisa mudanças na legislação eleitoral. De acordo com o estudo da Avaaz, a maior parte das notícias falsas divulgadas durante as eleições à presidência dos Estados Unidos no ano passado falava sobre fraudes no pleito. Laura Moraes destaca que  44% dos eleitores tiveram acesso a essas informações e 35% acreditaram na notícia mesmo após o fim do processo eleitoral e a confirmação do resultado.

Ela acredita que se tivesse ocorrido uma intervenção das plataformas num período anterior a 45 dias poderia, por exemplo, ter evitado a invasão do Capitólio por grupos extremistas. A Invasão do Capitólio dos Estados Unidos ocorreu em 6 de janeiro de 2021, quando partidários do presidente Donald Trump por ele convocados protestaram em Washington contra o resultado da eleição presidencial, justamente no dia em que as duas casas legislativas se reuniriam para ratificar a vitória de seu oponente.

Uma das possibilidades, segundo Laura Moraes, teria sido o uso pelo Facebook da política de “downgrade do algoritmo”. “Eles ajustam a inteligência artificial da plataforma para que ela pare de amplificar esse tipo de conteúdo que glorifica a violência e espalha a desinformação política. Assim, o alcance cai drasticamente”, explicou a coordenadora da Avaaz.

Ela acredita que essa prática pode ser seguida no Brasil para que não ocorra aqui um cenário semelhante. “A gente tem aqui uma oportunidade de ouro de construir com as plataformas uma responsabilidade mais rápida para atuar, uma responsabilidade anterior ao dano.”

O diretor de campanhas da Avaaz, Diego Casaes, reiterou a importância da atuação das plataformas para combater a desinformação durante todo o período eleitoral e não apenas no dia do pleito, protegendo assim os eleitores. “Percebemos que quanto mais cedo a plataforma age, mais ela consegue mitigar os riscos da desinformação contaminar outras pessoas.”

A relatora do grupo de trabalho, deputada Margarete Coelho (PP-PI), afirmou que deve incluir as sugestões apresentadas pela Avaaz em seu relatório. “Os ataques às eleições, os disparos em massa de fake news e a violência política de gênero precisam ser incluídos como crimes na legislação brasileira, como forma de garantir eleições mais transparentes”. Coelho, que também deve relatar a proposta que revoga a Lei de Segurança Nacional, já anunciou que vai abordar esses pontos em seu parecer à proposta (PL 6764/02).

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