Promotor pede investigação federal sobre ameaças contra estudante recifense

Para Maxwell Vignoli, pessoas que lançaram as agressões fazem parte de um grupo que atua em todo o Brasil. Para ele, situação beira ao neonazismo. Daniela Martins é alvo de agressões desde que postou foto sem roupa.

O caso da estudante recifense vítima de ameaças nas redes sociais Daniela Martins, de 21 anos, pode ganhar uma investigação no âmbito nacional pelo Ministério Público Federal (MPF). Isso porque o promotor de Cidadania do Recife, Maxwell Vignoli, em conversa com o G1 nesta quinta-feira (5), acredita que as pessoas que lançaram as agressões fazem parte de um grupo que atua em todo o Brasil. Para ele, a situação beira ao neonazismo. O promotor já pediu a entrada do MPF no caso.

A jovem vem sendo alvo de agressões virtuais e ameaças após postar uma foto sem roupa, falando sobre aceitação do próprio corpo. A postagem viralizou e, até a manhã desta quinta, já somava 68 mil curtidas, 30 mil comentários e 16,9 mil compartilhamentos. Daniela procurou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na tarda da quarta-feira (4).

“Ela me procurou ontem. Não é só uma injúria comum. Percebo também injúria racial e ameaças que ultrapassam a esfera virtual e adentra a violência física. É notável que essas pessoas têm um perfil um pouco neonazista. Eles tem um grupo fechado e uma das integrantes possui um nome fake que remete ao médico nazista Josef Mengele”, pontua o promotor.

Vignoli pediu que o MPF analisasse a necessidade de expandir as investigações. Ele acredita que o grupo atua em outros estados brasileiros, marcando, até, encontros para praticar a violência física. “Estão desencadeando ódio nesses grupos. Eles incitam a violência, são organizações que também promovem encontros. É preciso ter cuidado com esse tipo de nova agregação porque eles se sentem fortalecidos quando se juntam”, alerta.

No momento, o promotor aguarda uma resposta do MPF, sem previsão para receber. Enquanto isso, solicitou uma instauração de inquérito na Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos. Uma reunião com o representante do MPPE e o delegado foi marcada para o dia 23, às 14h.

O objetivo da reunião é verificar com a delegacia quais as necessidades para que a investigação ocorra e como está o andamento dela. “Eu percebo que isso tem um alcance muito maior, além da área de Pernambuco. Eles fazem vítimas em todo o Brasil. Não sabemos até que ponto essas ameaças podem levar a uma violência física”, avalia.

Daniela foi convidada para acompanhar a reunião. Ao confirmar presença, desabafou ao G1 que já se sente melhor com a sensação de que algo está sendo feito. “Eu estava muito preocupada, mas hoje sei que tem muita gente por mim. Estou mais tranquila”.

Repercussão
Até o Natal do ano passado, as fotos de Daniela repercutiam na internet de forma ampla, mas positiva. Ela buscava incentivar outras mulheres a enxergar beleza independentemente do peso, por meio de fotografias e palavras afetivas.

A polêmica, segundo a estudante de ciências biológicas, já era esperada, mas não na proporção atual. A onda de ódio gratuito teve início com o comentário negativo de um usuário da rede. Depois disso, a postagem de Daniela foi compartilhada em um grupo virtual. De acordo com ela, algumas pessoas chegaram a dizer que sabiam a rotina da jovem e que ia usar essa informação para agredi-la.

A jovem chegou a procurar a polícia em dezembro do ano passado, mas, de acordo com a vítima, o Boletim de Ocorrência só poderia ser registrado caso as mensagens contendo as agressões fossem impressas. Por achar que teria que imprimir todas as mensagens, acabou desistindo. Sem condições financeiras, gastaria mais de R$ 700 para imprimir todas as ofensas.

Polícia
Procurado pelo G1, o delegado de Repressão aos Crimes Cibernéticos Derivaldo Falcão explicou que a necessidade de se imprimir uma imagem da tela com as ofensas é devido ao link, que fica aparente no navegador do computador e funciona como uma identidade da postagem.

g1

05/01/2017

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