Projeto Alunos Conectados levará internet para 400 mil estudantes

Se, no início deste ano, alguém contasse para a estudante Daiane Brabo que ela precisaria cursar o terceiro e último semestre do curso Técnico em Agropecuária, no Instituto Federal do Pará (IFPA), remotamente, assistindo aulas pelo celular, ela ficaria não apenas surpresa, mas preocupada. A jovem paraense, de 22 anos, filha de agricultores familiares, não tem internet em casa e não poderia ter acesso aos conteúdos educacionais fornecidos. “Sou de família muito pobre, a gente não tem condição de instalar Wi-Fi em casa nem de colocar crédito no telefone toda semana”, explica.

Com o período de enfrentamento à Covid-19, Daiane passou a assistir aulas on-line com o sinal de internet cedido por uma vizinha, onde mora, em Breves, município no arquipélago do Marajó, a cerca de 221 km da capital Belém.

Agora, com o Projeto Alunos Conectados, do Ministério da Educação (MEC), ela tem internet móvel à disposição para continuar os estudos. A iniciativa levará internet para 400 mil estudantes.

Daiane Brabo recebeu um dos 62.869 chips entregues pela Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) a 67 universidades e institutos federais, desde que o projeto percorreu Brasil afora para disponibilizar internet gratuita para estudantes em situação de vulnerabilidade socioeconômica matriculados em instituições de ensino superior da rede federal.

“Nós moramos em uma região muito pobre. Neste momento, em que não podemos estar presencialmente na instituição, esse chip veio para minimizar nossas dificuldades. Os chips disponibilizados pelo MEC são maravilhosos. A internet é muito boa!”, elogia a estudante do curso Técnico em Agropecuária.

Democratização do acesso

Além de possibilitar que os estudantes continuem as atividades acadêmicas remotamente, o projeto contribui para democratizar o acesso à educação, impulsionar a inclusão digital e diminuir as desigualdades no acesso a Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), principalmente em áreas mais afastadas dos grandes centros, onde a oferta de internet ainda é incipiente.

O secretário de Educação Profissional e Tecnológica, Wandemberg Venceslau, reconhece que o momento é de grande desafio para todos: para os estudantes que não podem ir às escolas e instituições e para os familiares deles que estão impedidos de exercer as profissões. “São pessoas que não têm acesso a todos os recursos tecnológicos necessários para acompanhar as aulas ministradas de maneira não presencial. Uma das principais necessidades identificadas pelo MEC foi o acesso à internet. Por isso, contamos com a parceria da RNP, que já tem sido muito exitosa em disponibilizar uma rede de alta velocidade para as instituições federais.”

O desafio assumido pelo MEC e pela RNP era grande: possibilitar que a conectividade chegasse aos estudantes, de forma imediata. A ação foi inovadora. Diante da urgência da demanda, até o círculo da política pública foi invertido, conforme explica o secretário. “Não conseguimos dedicar muito tempo à fase de formulação da política pública, já fomos direto para a implementação”, detalha.

“O primeiro impacto do projeto é de reconhecimento desses estudantes. Quando as instituições aderem a esse programa, os alunos já se percebem parte de um projeto maior e reconhecido pelo Estado”, afirma Venceslau.

De acordo com o secretário, com essa visibilidade ao estudante atendido, o MEC disponibiliza recursos e contribui para que a ocorrência de evasão não seja elevada. Ele acredita ainda que a ação tem potencial para alcançar maior amplitude e escala no país, para além dos efeitos da crise do coronavírus.

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