PRF é condenado a 23 anos de prisão por matar um condutor embriagado que iria atropelá-lo

Após sete horas de julgamento, o policial rodoviário federal Ricardo Su Moon foi condenado a 23 anos e 4 meses de prisão pela morte do empresário Adriano Corrêa do Nascimento, em Campo Grande (MS) em dezembro de 2016 e duas tentativas de homicídio. Moon foi a júri popular nesta quinta-feira (30).

Entenda o caso
O crime aconteceu na avenida Ernesto Geisel, em frente ao Horto Florestal, no começo da manhã do dia 31 de dezembro de 2016. O policial alega que estava a caminho do trabalho, quando teria sido fechado no trânsito pela caminhonete conduzida pelo empresário Adriano Corrêa do Nascimento que estava embriagado. No veículo estavam também Aguinaldo Espinosa e Vinícius Cauã Ortiz, à época menor de idade, enteado de Aguinaldo. Eles saíam de uma boate onde estavam consumindo bebida alcoólica, conforme depoimentos juntados ao processo.

O policial afirmou em depoimento que imaginou tratar-se de um atentado, por isso teria descido do carro armado e abordado o motorista. Segundo Moon, ao perceber que os ocupantes estavam embriagados, chamou a Polícia Militar (áudios da ligação foram anexados ao processo) a fim de impedir que Adriano seguisse dirigindo. Ele afirma que o condutor avançou com o veículo em sua direção, momento em que atirou. Adriano morreu no local. Após os disparos, sem controle, a caminhonete bateu em um poste. Vinícius foi atingido na perna.

O policial foi recolhido à viatura da Polícia Militar e chegou a ficar preso, sendo libertado após o prazo com medidas restritivas. Ele continuou servindo junto à PRF, mas em funções administrativas. Em entrevista exclusiva ao G1 em 2018, Moon afirmou que, por conta do que aconteceu, todos os seus anos de estudo não valeram de nada. “O que eu mais prezo é a minha honra e, se eu morrer hoje, ao invés do cara estudioso, vão lembrar apenas do policial assassino”, declarou.
De acordo com a sentença, o policial foi condenado a 14 anos pelo homicídio qualificado de Adriano, e 4 anos e 8 meses por cada tentativa de homicídio qualificado, de Aguinaldo Espinosa e Vinícius Cauã Ortiz, que estavam, respectivamente, no banco da frente e de trás da caminhonete.

A defesa do réu informou que vai recorrer. “Vamos recorrer ao Tribunal e vamos ver o que vai ocorrer, né [..] não quero tratar da consciência dos jurados, respeito a decisão deles, porque os erros dos homens de bem você tem que respeitar, mas acho que é um atestado para que as pessoas bebam e saiam atropelando quem quiserem”, disse o advogado do réu, Renê Siufi.

Ricardo Su Moon mostra seus certificados: “Sempre estudei para progredir, não colocaria isso tudo fora” — Foto: Jaqueline Naujorks

O júri
O advogado de Moon, Renê Siufi, apresentou aos jurados a tese de legítima defesa. O réu, ao dar sua versão dos fatos, afirmou que atirou porque sentiu que poderia ser atropelado, alegando que Adriano, de acordo com sua avaliação no local e laudos posteriormente juntados ao processo, estava sob efeito de álcool e medicamentos controlados.

A promotora do Ministério Público, Lívia Carla, focou a acusação na intenção do réu de atirar no empresário, inquirindo Moon sobre sua posição diante da caminhonete e a necessidade de disparar contra o motorista.

O PRF afirmou que Adriano teria avançado contra ele com a caminhonete, e para contê-lo, atirou no condutor e não no veículo, porque “Bala não para carro”. Dos 11 tiros disparados, 4 acertaram a vítima.

A mãe de Adriano, Marili Corrêa do Nascimento, disse ao final do julgamento que espera que a sentença seja cumprida: “O que eu passei é uma dor profunda, só quem sabe essa dor é uma mãe que passou por isso. Outra mãe poderia estar sofrendo, amanhã ou depois, se ele ficasse em liberdade”, declarou.

O resultado agradou a promotoria. “Acho que o resultado foi o resultado correto, o resultado justo, condenado por homicídio qualificado e duas tentativas, reconhecendo todas as qualificadoras. Acho que foi um resultado justo, era o que assistência de acuação e a própria acusação esperava”, afirmou o assistente de acusação, Irajá Pereira Messias.

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