Portugal e Espanha fazem primeiro clássico da Copa

De um lado, a Espanha e seus dez anos de maturação de um modelo, de uma forma de pensar futebol. De outro, uma seleção portuguesa com poucos motivos para acreditar que deve mexer no estilo que conduziu ao primeiro título de peso da história, a Eurocopa 2016. Perfis tão demarcados, que nem mesmo o alvoroço gerado na concentração espanhola com a demissão de seu treinador a 48 horas da estreia parece alterar o enredo imaginado para o Portugal x Espanha desta sexta-feira, às 15h (de Brasília). Cada seleção executando seu papel habitual, levando a campo filosofias de jogo repletas de antagonismos.

– A Espanha joga assim há dez anos. Não mudariam em dois dias – disse Fernando Santos, técnico de Portugal.

De fato, é como jogar de memória. O jogo espanhol é baseado na posse de bola, na busca do protagonismo, na tentativa de ocupar o campo rival e trocar passes até abrir o espaço. Como num molde executado desde a base, produz estrelas adaptadas à forma de jogar, e Iniesta é, hoje, o símbolo máximo. O modelo molda os homens, atesta o Extra.

Portugal incorporou a competição como palavra-chave. Não faz questão da bola, espera que o rival ofereça os espaços, passou anos buscando o sistema que potencializasse Cristiano Ronaldo. Um homem dando a diretriz do modelo.

– É verdade, não tivemos tempo para trabalhar e não vai mudar muita coisa. Temos princípios claros de jogo: uma equipe que gosta de ser protagonista, jogar de forma bonita e ter uma estratégia clara em mente – disse Fernando Hierro, técnico da Espanha há dois dias.

Se a linha mestra não muda, o fato é que tanto Espanha quanto Portugal são seleções que viveram sensíveis transformações nos últimos dois anos. E, novamente, em caminhos antagônicos. Lopetegui, demitido na Rússia, parecia ter percebido, após os fracassos do time com Vicente del Bosque na Copa de 2014 e na Euro 2016, que havia algo de repertório faltando ao time. Buscou soluções mais rápidas após a retomada da bola, um jogo por vezes mais incisivo, mais voltado para o gol, representado por novos valores como Asensio e Lucas Vazquez. A base ainda é o controle da bola, tão bem executado por Busquets, Iniesta, Thiago, Isco… Achar um centroavante que saiba se associar ao jogo de toques da Espanha é que continua sendo um desafio. O sergipano Diego Costa nunca se provou o homem ideal; o carioca Rodrigo, jogador do Valencia e filho do ex-lateral rubro-negro Adalberto, é uma tentativa recente e irregular. Mas, nos amistosos, quem deixou boa impressão foi Iago Aspas, do Celta de Vigo.

Portugal não promoveria uma revolução pós título europeu. Mas tentou evoluir justamente no sentido oposto ao espanhol: conseguir jogar melhor quando as circunstâncias exigem que tenha a bola. Um objetivo atingido na medida em que jovens ganharam espaço. E, a rigor, a grande transformação foi a subida de nível dos coadjuvantes de Cristiano Ronaldo. Bernardo Silva, do Manchester City, Gélson Martins, de saída do Sporting, André Silva, do Milan, e Bruno Fernandes, outro que quer sair do Sporting após as agressões de torcedores, têm entre 22 e 23 anos e pedem passagem. Ainda assim, é provável que Fernando Santos jogue bolas de segurança na escalação inicial, com João Moutinho e João Mário compondo o meio-campo.

Não haverá lugar para todos os jovens em ascensão. Mas o fato é que Portugal continua competitivo, porém é mais talentoso do que há dois anos e mais capaz de alimentar Cristiano Ronaldo.

– Para ser honesto, eu preferia ter Cristiano do meu lado – disse Sergio Ramos, defensor do Real Madrid, companheiro de clube do astro português.

– O título europeu nos dá confiança. Mas estamos confiantes sem presunção, porque isto nunca tivemos – disse Fernando Santos.

15/06/2018

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