Por falta de apoio, treinador de Zé Aldo sugere que alunos se mudem para os EUA

Disputando com a Team Nogueira o posto de maior academia de MMA do Brasil, a Nova União é um case de sucesso nas artes marciais. Nos anos 90 o time se destacou como melhor do mundo no jiu-jitsu entre os pesos mais leves, feito que se repetiu no MMA na década seguinte sempre à base de muito treino e da junção de talentos reunidos ao redor do Brasil. Fatores estes que, de acordo com André Pederneiras, líder da equipe, não seriam mais o suficiente para prender seus alunos no país.

Em fase final da construção de um centro de treinamento para a Nova União, o treinador de feras como José Aldo, Leonardo Santos e Hacran Dias afirmou que a falta de apoio e estrutura para atletas no Brasil, que constantemente garante a migração de nossos competidores para representarem outras equipes, principalmente nos EUA, poderia levar ainda mais gente. A começar pela sua academia.

“O momento do Brasil é muito ruim. Se eu pudesse, mandaria todos para fora. Já falei, podem ir hoje. Vejo muito mais vantagem do que ficar na condição que o Brasil oferece hoje. Eu treino para eles mudarem de vida, se não consigo fazer isso aqui, quero mais é que eles se mudem, independentemente de eles estarem na minha equipe ou em outra”, narrou em conversa com a reportagem da Ag. Fight durante uma visita à sede da Nova União.

Curiosamente, seu pupilo Jair Lourenço, líder da ‘Kimura Nova União’, se mudou para o estado americano do Arizona no início do ano e parece dar início à uma nova oportunidade para alguns dos membros da equipe. Tanto que, atualmente, Renan ‘Barão’ e Jussier ‘Formiga’ já treinam sob sua tutela nos EUA, o que parece agradar Pederneiras.

“Por mim, eu mandava todo mundo embora hoje. Mas vai depender deles. O Aldo é muito raiz, não quer sair nem do Flamengo. Se falar para ir para Barra, ele já fica chateado [risos]. O Aldo já está mais equilibrado que os outros financeiramente, uma dificuldade a menos. Mas eu seu pudesse dar um conselho para os atletas brasileiros, não só da minha equipe, é que eles migrassem para os EUA ou algum outro país que desse mais condições do que o Brasil. Hoje em dia está muito difícil ser atleta no Brasil, treinar e crescer financeiramente”, analisou com conhecimento de causa.

Ex-lutador, treinador, líder de equipe e empresário de seus atletas, Dedé, conhecido como paizão pelos pupilos, já viu todas as facetas do esporte. Por isso, confiante no material humano desenvolvido em terras nacionais, Dedé aposta que seria questão de tempo para, com os investimentos corretos, o Brasil assumir o topo do esporte.

“Se pegar o histórico nos EUA em Olimpíadas e campeonatos mundias de diversas modalidades, você vê que o investimento no esporte é absurdo. Nunca tivemos isso no Brasil. Não dá para descrever que tipo de atletas nós temos aqui. Chegamos lá e disputamos cinturões mesmo com essa estrutura. Mesmo assim fazemos bons atletas, sem apoio. Não fazemos nem 50% [do que poderíamos]”, apontou relembrando casos como José Aldo, Ronaldo ‘Jacaré’, Jéssica Bate-Estaca e Demian Maia que, vivendo no País, lutam pelo topo de suas divisões.

17.05.2017

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