Pesquisador de Noronha afirma que turista foi mordido por tubarão tigre

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Tigre. Esse é o nome da espécie de tubarão que atacou um turista do Paraná em Fernando de Noronha na última segunda-feira (21). Nesta terça (22), o engenheiro de pesca Leonardo Veras, que há 25 anos estuda tubarões em Fernando de Noronha, afirmou que não tem mais dúvidas quanto a isso. O turista de 33 anos, que não teve o nome informado a pedido da família, perdeu a mão e parte do antebraço no ataque, recebeu os primeiros atendimentos na própria ilha e depois foi transferido para o Recife – o quadro dele é estável.

Nesta terça (22), Veras e a bióloga e fotógrafa Zaira Mateus fizeram um mergulho na Baía do Sueste, onde tudo aconteceu, autorizados pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que gerencia o parque nacional marinho, para tentar entender o ocorrido. Este foi o primeiro ataque registrado na ilha nos últimos 23 anos, desde que começou o monitoramento. Em Pernambuco, entre o Cabo de Santo Agostinho, no Litoral Sul, e Paulista, no Litoral Norte, foram 61 ataques, nos quais 24 pessoas morreram.

Leo Veras (foto) e Zaira Matheus foram autorizados a mergulhar para investigar ataque em Noronha (Foto: Divulgação/Zaira Matheus )
Leo Veras (foto) e Zaira Matheus foram autorizados a mergulhar nesta terça para investigar ataque em Noronha (Foto: Divulgação/Zaira Matheus )

“Há um quadro bem formado. Porque é como uma investigação forense. A gente tem que saber primeiro quem são os envolvidos, quais os suspeitos. Depois a gente tenta montar um cenário”, explica Veras. A praia continua interditada desde o ataque. A equipe também usou um drone para verificar as condições do alto e constatou, no mergulho, que o ambiente estava equilibrado, apesar da água turva.

O engenheiro de pesca, que mora na ilha e é curador do Museu do Tubarão, também em Noronha, explicou como foi feito o estudo. “O depoimento dele [o turista] deixou bem claro que era um tubarão tigre”, atesta Veras. Segundo ele, essa espécie migra longas distâncias, frequenta regiões oceânicas, costeiras e até estuários. “Temos animal marcado aqui em Noronha que já foi encontrado na costa da África; marcado aqui e que já foi bater na Paraíba. Ele tem uma distribuição geográfica muito grande e errante”, analisa.

O tipo e a potência da mordida também foram levados em conta. E o tigre demonstra capacidade para arrancar um membro humano e até objetos mais densos. “Ele é um tubarão curioso, investigador, é conhecido na literatura que ele morde objetos estranhos, como boia de sinalização; já foram encontrados no estômago dele placa de automóvel, lata de cerveja”, detalha Leonardo Veras. Em Noronha já houve caso de tartarugas abatidas por tubarão tigre. “Ele morde por curiosidade e vai embora”, conta.

 O tigre também costuma ir a regiões mais profundas durante a noite e se aproximar da costa de dia. “Infelizmente foi isso que ocorreu. O rapaz estava só no lugar, no final da tarde, e virou um alvo de investigação do tubarão”, analisa.

Meio ambiente
Para Veras, o episódio não sugere que haja um desequilíbrio ambiental. “A gente era uma excentricidade entre as ilhas oceânicas. Porque o normal é ter esses ataques ocasionalmente. E a gente não tinha tido uma condição como essa, tão violenta”, diz ele. Para Veras, é preciso aceitar o fato de que o oceano é um ambiente selvagem, com seus riscos. “O que a gente tem que fazer é diminuir as probabilidades de encontro com o tubarão tigre, ele tem uma rotina que é mais ou menos conhecida”, recomenda.

O caso
O turista do Paraná, de 33 anos, foi atacado por um tubarão quando mergulhava na Baía de Sueste, em Fernando de Noronha, na segunda-feira (21). O homem teve o membro superior direito, na região do antebraço, amputado no ataque. O primeiro atendimento foi realizado no Hospital São Lucas, no arquipélago. Como não é permitida a saída de voos durante a noite de Fernando de Noronha, o paciente chegou ao Recife nesta terça pela manhã.

Ele foi atendido no Hospital da Restauração, no Derby, região central da capital. A pedido da família, os médicos não repassaram o nome do paciente nem detalhes sobre o ferimento. O turista foi submetido a uma cirurgia e está tomando antibióticos, mas o quadro de saúde é considerado estável. À noite, o paciente foi transferido para um hospital particular na Ilha do Leite, também na área central do Recife.

G1

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