Paralimpíadas abrem os olhos da sociedade à discussão sobre capacitismo

Com a proximidade das Paralimpíadas de Tóquio, que começam na terça-feira (24), a atleta paralímpica Verônica Hipólito fez um post em suas redes sociais que repercutiu bastante. Nele, citava um ‘Manual da Paralimpíada’: “Não olhe para a deficiência, olhe para a EFICIÊNCIA. A potencialidade! Sem usar o ‘que superação’ só por ver alguém sem perna, braço, cadeirante, cega/baixa visão ou com paralisia. A gente treina pra caramba para estar lá”. O alerta, extremamente necessário, pode ser resumido em uma palavra: capacitismo.

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A assistente social Mayra Vilar vê a fala da atleta Verônica como uma reivindicação política. Ela cita que a sociedade foi pautada numa ideia de normalidade que traz papéis socialmente determinados aos homens e as mulheres, geralmente numa relação desigual, que traz a heterossexualidade como regra, com padrões de beleza pré-estabelecidos e que enxerga a pessoa com deficiência como incapaz.

“O capacitismo vem como uma forma discriminatória e preconceituosa de reduzir potencialidades e capacidades das pessoas às suas deficiências, seja no âmbito doméstico, nas relações sócio-afetivas, no esporte, no trabalho. Nós precisamos, primeiramente, entender que a deficiência não é contraposição ao ‘normal’, ele é diverso e heterogêneo. Precisamos romper com essas concepções. Essa responsabilidade é de todo mundo”, explica Mayra.

Essa experiência vem, em grande parte, de seu trabalho há dois anos no Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial (NAPPS) do Centro Universitário Tiradentes (Unit/AL), onde, entre outras atividades, realiza o acompanhamento contínuo ao aluno com deficiência ou transtornos de aprendizagem, auxiliando professores na adaptação de metodologias de ensino, intérpretes de Libras em sala para alunos surdos e até provas em braille.

Por isso ela aponta as Paralimpíadas como um momento único para um debate sobre capacitismo envolvendo pessoas com e sem deficiência. “É preciso destacar a importância da visibilidade da pessoa com deficiência ocupando espaços políticos, postos de trabalho, salas de aula e também no esporte. As Paralimpíadas são necessárias não somente para representatividade das pessoas com deficiência, mas para toda sociedade, pois é um momento em que, através da visibilidade, conquista-se a atenção e respeito”, destaca a assistente social.

Mais sobre o NAPPS

O Núcleo de Apoio Pedagógico e Psicossocial da Unit/AL possui ações direcionadas à inclusão e acompanhamento ao aluno com deficiência ou transtornos de aprendizagem. Além da atuação individualizada diante das necessidades particulares de cada um, são realizadas ações coletivas através orientação aos professores, intervenções em salas de aula, eventos ou palestras abertas a toda comunidade acadêmica, onde são estimuladas a discussão e reflexão sobre as questões da convivência e acessibilidade.

Verônica Wolff, psicopedagoga do Napps, detalha como funciona a sala de recursos. “Nós possuímos uma sala de recursos com equipamentos, mobiliário, material didático e pedagógico para auxiliar no processo educacional do aluno com deficiência ou transtorno de aprendizagem. Nela, temos computador, teclado, impressora em braile. O computador é adaptado para o aluno que tem limitação motora e há programas instalados específicos para cada necessidade. Nós também temos lupas para alunos com baixa visão, que precisam delas para ampliar a leitura”, finaliza.

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