ONG síria confirma morte de líder do Estado Islâmico

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH) afirmou nesta terça-feira que tem “informações confirmadas” de que o líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi, foi morto. O Ministério da Defesa da Rússia disse que pode ter matado Baghdadi quando um de seus ataques aéreos atingiu uma reunião de comandantes do grupo jihadista nos arredores da cidade síria de Raqqa, mas Washington disse que não poderia confirmar a morte e as autoridades ocidentais e iraquianas foram céticas.

— Autoridades do EI presentes na província (síria) de Deir Ezor confirmaram ao OSDH a morte de Abu Bakr al-Bagdadi, emir do EI — contou Rami Abdel Rahman, diretor da grupo que monitora a guerra na Síria — Nós tomamos conhecimento hoje, mas não sabemos quando e como ele morreu — acrescentou.

Segundo O Globo, Abdel Rahman afirmou que fontes do Observatório na cidade de Deir al-Zor, na Síria, foram informadas por fontes estatais islâmicas de que Baghdadi morreu, mas não especificaram quando. Enquanto o Pentágono afirmou nesta terça que não há informações que confirmaram a morte do líder do grupo jihadista, o presidente americano, Donald Trump, publicou no Twitter logo após a divulgação da notícia que houve “grandes vitórias contra o Estado Islâmico”.

A morte de Baghdadi — que tem sido frequentemente relatada desde que ele declarou um califado em 2014 numa mesquita em Mossul — é um dos maiores golpes para o Estado Islâmico, que está tentando defender o território que ainda tem na Síria e no Iraque. No mês passado, o grupo jihadista destruiu a Grande Mesquita de al-Nuri, onde o líder fez sua única aparição pública, o que foi considerado uma declaração de derrota.

MAIS COMANDANTES MORTOS

Segundo a Rússia, o ataque em que Baghdadi pode ter sido morto também atingiu vários outros líderes do grupo, cerca de 30 comandantes de campo e 300 guardas pessoais. Os líderes do EI se reuniram no centro de comando, em um subúrbio do sul de Raqqa, para discutir possíveis rotas para a retirada de militantes da cidade, disse o comunicado.

A Rússia atua na guerra da Síria apoiando as tropas do ditador Bashar al-Assad, enquanto os Estados Unidos lideram uma coalizão internacional em conjunto com milícias sírias e curdas.

Nascido em Ibrahim al-Samarrai, Baghdadi é um iraquiano de 46 anos que se separou da al-Qaeda em 2013, dois anos após a captura e morte do líder do grupo, Osama bin Laden. No final do ano passado, o governo americano oferecia uma recompensa de US$ 25 milhões pela captura do líder do Estado Islâmico (EI). O país ofereceu a mesma quantidade de dinheiro por informações do líder da Al Qaeda Osama bin Laden e seu sucessor Ayman al-Zawahri.

A ascensão de Baghdadi de estudante do Alcorão e líder religioso a chefe do principal grupo terrorista do planeta é recheada de mistérios e informações conflitantes. Ele entrou para a insurgência jihadista Salafi em 2003, no ano da invasão liderada pelos EUA no Iraque, e foi capturado pelos americanos. Baghdadi foi solto um ano depois porque os EUA pensaram que ele era um civil e não uma ameaça militar.

CISÃO DE ORGANIZAÇÕES

Em 2010, como líder da al-Qaeda no Iraque, desafiou o líder central da organização, Ayman al-Zawahiri, propondo uma fusão entre seu grupo e a Frente al-Nusra, braço do grupo na Síria. A medida ousada levou a uma cisão entre as organizações, e a facção liderada por Baghdadi, rebatizada de Estado Islâmico no Iraque, se expandiu por conta própria para o território sírio, proclamando um califado global, em junho de 2014.

No auge de seu poder há dois anos, o Estado Islâmico governou milhões de pessoas em um território que ia do Norte da Síria através de cidades e aldeias ao longo dos vales do rio Tigre e do rio Eufrates até os arredores da capital iraquiana, Bagdá. O grupo jihadista reivindicou e incentivou ataques em dezenas de cidades, incluindo Paris, Nice, Orlando, Manchester, Londres e Berlim, e na vizinha Turquia, Irã, Arábia Saudita e Egito.

No Iraque, organizou dezenas de ataques visando as áreas muçulmanas xiitas. Uma bomba de caminhão em julho de 2016 matou mais de 324 pessoas em uma área lotada de Bagdá, o ataque mais mortal desde a invasão do Iraque em 2003.

RETOMADA DE MOSSUL

O primeiro-ministro iraquiano, Haider al-Abadi, declarou vitória sobre o Estado Islâmico em Mossul na segunda-feira, marcando a maior derrota do grupo radical sunita desde que os militantes se espalharam pelo norte do Iraque há três anos. Aquela que já foi a segunda mais importante cidade do Iraque foi, finalmente, após nove meses de campanha militar, declarada libertada das mãos do EI. Houve celebração nas ruas da cidade e de Bagdá após o anúncio.

Desde fevereiro, as tropas de Bagdá tentavam recuperar a zona oeste de Mossul, logo após a retomada do leste, na outra margem do rio. Porém, o grupo jihadista capturou a maior parte de um vilarejo ao sul da cidade empregando táticas de guerrilha, relataram moradores e uma autoridade do Exército do Iraque.

Apesar da vitória importante, a retomada de Mossul não marcará o fim da guerra contra o Estado Islâmico, que ainda controla várias zonas no Iraque, incluindo as cidades de Tal Afar, 50 km a oeste de Mossul, e Hawija, cerca de 300 km ao norte de Bagdá, e zonas desérticas da província de al-Anbar , no Oeste do país, além da região de al-Qaïm, na fronteira com a Síria.

O grupo extremista ainda controla igualmente territórios no Leste e no centro da Síria, apesar de ter perdido terreno desde 2015, e seu reduto de Raqqa, no Norte, estar cercado pelas forças apoiadas pelos Estados Unidos.

De acordo com um estudo do escritório de análise IHS Markit, divulgado no mês passado, o EI perdeu em três anos 60% do território que havia conquistado e 80% de suas receitas.

11/07/2017

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