Museu do Amanhã

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Foram necessários cinco anos de obras, 55 mil toneladas de concreto, 22 mil de areia, 4.000 de aço, milhares de operários –um deles morto no trabalho– e quase R$ 300 milhões.

Após três anos de atraso, o Museu do Amanhã, o segundo da zona portuária carioca, finalmente abrirá as portas para o público no sábado (19), às 10h, com entrada franca até as 18h de domingo (20). Nesse período, o museu só ficará fechado das 7h às 10h de domingo, para manutenção. A apresentação para convidados é nesta quinta (17).

Desenhado pelo espanhol Santiago Calatrava –referência da arquitetura-espetáculo, com extenso portfólio de obras problemáticas–, o prédio parece flutuar sobre a baía de Guanabara; para suportá-lo, foram instalados 30 mil metros de pilares submersos.

A missão do museu é fazer o visitante refletir sobre como suas atitudes moldam o futuro da Terra.

“Neste momento em que tanto se discute o que vai acontecer com o planeta, com a humanidade, caiu essa ficha: por que não fazemos um museu de ciência que editorializa a perspectiva da sustentabilidade?”, diz Hugo Barreto, secretário-geral da Fundação Roberto Marinho, parceira da prefeitura no desenvolvimento da instituição.

“O fundamento conceitual do museu é que o amanhã não é uma data do calendário ou um lugar, é uma construção coletiva da nossa civilização”, diz o curador, o físico Luiz Alberto Oliveira. Com a ajuda de 31 consultores científicos, ele criou um percurso narrativo em cinco etapas: De Onde Viemos? Quem Somos? Onde Estamos? Para Onde Vamos? Como Queremos Ir?

Como o museu não tem uma bola de cristal, seu conteúdo será modificado à medida que previsões e dados forem atualizados. As informações vêm de 80 entidades brasileiras e estrangeiras.

A apresentação do conteúdo segue a linha dos museus paulistanos da Língua Portuguesa e do Futebol, também desenvolvidos pela fundação: instalações audiovisuais, interatividade e jogos.

Há, por exemplo, o Portal Cósmico, espécie de planetário turbinado que abre a exposição. Dentro dele é projetado um filme em 360° criado pela O2, do diretor Fernando Meirelles. Em tom poético, ele conta em oito minutos a história do universo, da origem aos dias de hoje.

Na sala que trata da situação atual do planeta, outra produtora grande, a Conspiração, fez um filme que é projetado em seis totens de 10 m de altura, mostrando as consequências da aceleração da atividade humana na Terra.

Além dos vídeos e mesas interativas, o museu tem um único objeto físico: um churinga, peça da cultura aborígene australiana que representa os conhecimentos passados entre gerações.

Há também uma instalação, o “balé de tecidos” do artista plástico norte-americano Daniel Wurtzel, que representa o movimento das placas tectônicas, das marés, dos ventos e da luz.

SER VIVO

O edifício desenhado por Calatrava é um espetáculo à parte. Com 15 mil m² de área construída, avança sobre a Guanabara cercado por espelho d’água, jardins e ciclovia.

Seu desenho futurista é inspirado em formas da natureza e, como um ser vivo, ele muda de aparência, graças ao movimento do telhado.

“Não tem uma parede que seja reta. Para uma construção dessa complexidade, até que não demorou tanto”, diz o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). “Estou pensando em ligar para o pessoal de Nova York para ensinar a eles como se faz uma obra do Calatrava”, debocha Paes, referindo-se a outra criação do espanhol que atrasou e estourou seus custos: a estação de metrô do WTC, em Manhattan.

Além do projeto americano, as polêmicas de Calatrava incluem a Ponte da Constituição, em Veneza (Itália), alvo de queixas sobre funcionalidade e acessibilidade e de processo por superfaturamento (no qual o arquiteto foi absolvido), e a Ópera de Valência, na Espanha, interditada após pedaços de sua cobertura de azulejos despencarem.

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