Moradores de bairros atingidos por rachaduras pedem intervenção do Governo Federal

Os moradores dos bairros do Mutange, Bebedouro e Pinheiro estão dispostos a marchar até Brasília para cobrar do Governo Federal uma ação mais enérgica na assistência às famílias e sensibilizar o judiciário nacional sobre a causa.

A mobilização acontece diante da imanência do problema se arrastar durante anos, tornar-se uma verdadeira batalha jurídica e as famílias continuarem vivendo uma vida descontinuada fora de suas casas. “Estamos vendo nossas vidas destroçadas com tudo isso, que não temos culpa alguma. Queremos uma solução, pois não aguento mais sair de casa para trabalhar todos os dias sem saber se quando voltar estará todo no lugar. Tem isso, uma tortura psicológica muita dura”, lamentou uma moradora do Mutange.

A encosta do bairro é considerada a área mais crítica após a conclusão do mapa de áreas de risco elaborado pela CPRM. “Se não chegar nenhuma ajuda para o povo que vive em uma área que deveria ser evacuada há muito tempo?! É a contestação nossa. Nossa intenção é de colocar nas ruas cerca de duas mil pessoas só do Mutange, no mínimo”, colocou Arnaldo Manuel, integrante da Associação dos Moradores do Mutange.

Segundo ele, os moradores querem fazer um mega manifesto onde irão reunir os três bairros: Mutange, Pinheiro, Bebedouro. “Vamos iniciar aqui pelo Mutange e reunir, na parte superior, o pessoal do Pinheiro, que vai ficar aguardando com a comunidade da parte superior até se dirigir para a Fernandes Lima. A prefeitura fez um cadastro para o aluguel social, que é a ajuda humanitária, muitas pessoas estão saindo daqui confiando nesse dinheiro e estão se perguntando “E agora, o que eu faço pra eu pagar?”. Aí é complicado! Como não veio nenhuma dessas assistências aqui para o Mutange, a gente está tomando essa iniciativa. E esse é o primeiro ato. A gente vai continuar até o Estado tomar uma atitude. Se a gente não for contemplado nesse primeiro ato, pode ficar certo de que haverão outros”, acrescentou Arnaldo.

O vereador Francisco Sales, que integra a Frente Parlamentar em defesa dos bairros e é presidente da Comissão Espacial de Investigação (CEI) do Pinheiro, coloca que a junção de representantes do legislativo Federal, Estadual e Municipal tem buscado objetivar as ações para que elas sejam direcionadas de forma mais efetiva. “Pretendemos com isso pressionar a prefeitura para as demandas que são do município. Cobrar do governo do estadual, principalmente do federal, sobre a ampliação dos benefícios para as famílias do Bebedouro e Mutange, que foram atingidas e até hoje não receberam nada”, afirmou o parlamentar.

Segundo o vereador, a solução do problema para as famílias vai depender da união de todos os poderes, já que a Braskem dispõe de todas as possibilidades financeiras e jurídicas para adiar, a cada dia, o pagamento das indenizações. “Nós estamos acompanhando os estudos da CPRM sobre uma possível possibilidade de estabilizar o solo desses bairros, mas precisamos também prestar assistência às famílias. As pessoas estão ficando sem esperança e doentes”, lamentou Francisco Sales.

O representante do Movimento SOS Pinheiro, Geraldo Vasconcelos, acrescenta que o protesto se fundamenta em três principais pilares consequentes da extração da Braskem. “Nós vamos fazer um repúdio ao desbloqueio dos recursos da Braskem pelo STJ. Sem esse bloqueio não se pode fazer justiça. A Exigência descabida da Prefeitura para a renovação dos lotes da Ajuda Humanitária, contrariando os objetivos sociais desse benefício universal e o imediato preenchimento dos poços -minas- da Braskem, para que a subsidência seja estabilizada, e consequentemente, o processo das rachaduras nas estruturas dos imóveis cessem também”, disse ele.

A Braskem

Em nota públicada no último dia 15, a Braskem afirmou que “segue empenhada na busca de soluções que tragam segurança aos moradores dos bairros do Pinheiro, Bebedouro e Mutange. Neste sentido, a petroquimica reafirma a importância da identificação das causas dos eventos em cada um dos bairros e, por este motivo, continua realizando os necessários estudos técnicos-científicos, que deverão ser concluídos até dezembro”.

Ascom – 18/08/2019

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