Médica baleada relata pânico: Pedi que não me matassem

Médica baleada relata pânico: Pedi que não me matassem

A médica Klayne Moura Teixeira de Souza, de 28 anos, baleada na manhã desta quarta-feira no Complexo da Maré, na Zona Norte do Rio, depois de entrar por engano na comunidade após ser guiada pelo aplicativo Google Maps, disse que ficou “apavorada” ao ver os traficantes armados na entrada da favela. Em entrevista ao EXTRA, Klayne afirmou que os próprios traficantes a socorreram e que ela pediu para não ser morta.

– Eu fiquei com medo, fiquei apavorada. Pedi muito para que não me matassem. Eram muitos homens armados. Muitos mesmo. Eu me assustei quando os vi e acelerei. Meu carro foi atingido por muitos disparos. Foi quando vi um homem batendo na janela do meu carro e pedindo para abaixar o vidro. Fiquei com medo e não abaixei. Quando saí, já estava baleada. Ele viu que eu era mulher e disse que não ia fazer nada comigo. Eu me identifiquei como médica e eles disseram que precisavam me tirar dali porque a facção rival poderia me encontrar e me matar. Me levaram de moto para a ONG onde me ajudaram. Os funcionários da ONG foram maravilhosos comigo – disse Klayne.

A médica foi baleada no ombro e levada para o hospital Miguel Couto, mas já recebeu alta e está em casa. Os pais de Klayne permanecem em Brejo Santo, no Ceará, na região do Cariri, de onde a médica é. Ela está no Rio há 2 anos. Um dos irmãos de Klayne, que mora em Juiz de Fora, veio para o Rio para ficar com a irmã.

Klayne explicou que estava indo ao Detran, no Centro do Rio, para fazer uma transferência de documentos do carro e que se perdeu já na Avenida Francisco Bicalho, já no Centro. O aplicativo, então, alterou a rota. A médica entrou por engano na comunidade Nova Holanda.

– Eu não uso muito o ‘Waze’ porque não confio muito. Optei pelo ‘Google Maps’. Eu não conheço o Centro do Rio direito e me perdi. Não sei nem dizer direito onde foi. Sei que o aplicativo marcava que faltava pouco para chegar e, de repente, alterou para 21 minutos. O retorno mais perto que ele me dava era nesse local – disse.

Klayne disse que ainda não sabe quando falará com a polícia e que está se recuperando.

– Ainda não sei quando vou falar com eles. Sei que meu carro já foi levado para um lugar conhecido, apenas. Estou ainda sobre o efeito dos remédios, mas vou melhorar. Estou completamente fora de perigo – disse.

O pai de Klayne, Francisco Moura, disse que está aliviado em ver a filha bem.

– Fiquei aliviado quando vi que foi sem gravidade – disse o pai.

Segundo a Polícia Civil, o carro de Klayne será periciado ainda nesta quarta-feira. De acordo com o delegado Wellington Vieira, da 21º DP (Bonsucesso), Klayne dirigia sozinha guiada pelo aplicativo ‘Google Maps’ quando, por volta das 11h, se deparou com um grupo de traficantes armados. A médica entrou na comunidade Nova Holanda por engano e acabou atingida.

— Ela entrou na comunidade e viu os traficantes que estavam na entrada, com armas de fogo, e acelerou. Os traficantes, então, atiraram. O carro onde ela estava tem diversas marcas de disparos. Ela foi atingida no ombro e socorrida por integrantes de um ONG (Organização Não-Governamental) que atua na comunidade — disse o delegado Wellington Vieira, titular da 21ªDP (Bonsucesso).

Ainda de acordo com o delegado, o carro da médica ainda será periciado. Klayne deve ser ouvida nesta quinta ou na sexta-feira.

– Vamos aguardar ela se reestabelecer dos curativos – disse.

Em nota, a ONG ‘Luta pela Paz’, informou que Klayne foi levada ao Hospital Miguel Couto, na Gávea, pelos funcionários do local.

“Uma médica cearense baleada no ombro foi encaminhada, pela proximidade, para sede da Associação Luta pela Paz, localizada na Nova Holanda, no Complexo da Maré. A equipe, utilizando veículo próprio, removeu a médica e, a caminho do hospital, entrou em contato com os bombeiros’. O EXTRA procurou o ‘Google Maps’ para comentar o ocorrido. A empresa informou que está verificando a informação.

26/04/2017

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