Manifestantes protestam contra Temer e por eleição direta
Manifestantes protestam neste domingo em Copacabana, Zona Sul do Rio, pela saída de Michel Temer da Presidência e pela realização de eleições diretas para a escolha de seu eventual substituto no cargo. A manifestação contou com shows de Caetano Veloso, Milton Nascimento, Criolo, Mano Brown e Maria Gadú, entre outros.
Diversos artistas, como Daniel Oliveira, Sophie Charlotte, Humberto Carrão, Wagner Moura, Gregório Duvivier, Chay Suede, Zezé Motta e Antonio Pitanga participaram do protesto.
O ato é organizado pelos movimentos sociais Frente Povo Sem Medo e Frente Brasil Popular. O grupo se concentra na orla, na altura da rua Siqueira Campos.
Caso Temer seja afastado do cargo, a previsão constitucional é que sejam realizadas eleições indiretas — aquela em que os parlamentares escolhem o presidente. O mesmo vale caso Temer decida renunciar ao seu mandato. Só é possível realizar uma eleição direta se o Congresso aprovar uma emenda constitucional com esse intuito. A proposta precisaria ser aprovada em dois turnos por três quintos dos parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Uma PEC apresentada pelo deputado Miro Teixeira (Rede-RJ) está em tramitação na Casa.
O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), autor de um pedido de impeachment contra Temer, está entre os políticos que participam do ato. Ao GLOBO, Molon defendeu a realização de eleição direta para presidente, caso Temer seja afastado do cargo. Para ele, a pressão popular, a voz da ruas, é o caminho.
— Não é razoável esperar que o congresso comprometido com o escândalo e tentando se livrar dele possa tomar alguma decisão sobre eleição indireta para presidente — afirmou Molon, que vê brecha em caso de impeachment para que a proposta de eleição direta seja aprovada como projeto simples, sem a necessidade de uma PEC.
— Quando senta em cima de todos os pedidos de impeahcment, Maia impede que os partidos recorram no Supremo, não dá chance mesmo em eventual decisão contrária. O Brasil não pode ficar à deriva, enquanto ele protege seu aliado — declarou Molon.
O protesto ocorre após delações de executivos do grupo JBS atingirem o presidente e a cúpula do seu governo. Dono do grupo, Joesley Batista gravou o presidente em diálogo sobre a compra do silêncio do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de um inquérito para investigar Temer. No pedido de investigação, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusou o presidente de envolvimento com pelo menos três crimes: corrupção passiva, obstrução de Justiça e organização criminosa. Na última quinta-feira, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) protocolou na Câmara um pedido de impeachment contra o presidente com base na delação e o acusou de cometer crime de responsabilidade.
29/05/2017