Má alimentação do alagoano preocupa diante do avanço de doenças crônicas no país

Moderação é a palavra de ordem ao consumir esses alimentos deliciosos; sem um rígido e permanente controle, eles podem provocar até a morte.

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O seu prato no almoço é regrado, mas você estraga tudo quando chega a sobremesa. Evitar doces é uma tarefa quase impossível para muitos. Além do sabor irresistível, as delícias açucaradas oferecem energia rápida, servindo, muitas vezes, como calmante emocional, principalmente para mulheres em época de TPM. Mas não tem como negar: o açúcar chegou de mansinho e avançou de forma perigosa em nossa dieta.

Um estudo conduzido pela Vigitel 2015 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), lançado pelo Ministério da Saúde, constatou que 16,9% dos adultos maceioenses mantêm alimentação rica em açúcar e 14,9% costumam ter na mesa os refrigerantes.

Os hábitos preocupam diante do avanço de doenças crônicas no país, em especial o diabetes. A doença atinge atualmente 7,4% da população adulta, acima dos 5,5% registrados em 2006. Em Maceió, o número chega a 7,3%.

Para Yana Aline, nutricionista da Sesau, o resultado do estudo é preocupante, tanto pelo alto índice do mau comportamento do maceioense em relação a sua alimentação, quanto pelo fato de que muitos consumidores ainda precisam entender sobre os riscos que isso pode trazer à saúde. “É uma questão de hábito familiar; pois, mesmo com a correria do dia a dia, se a gente tiver um planejamento, consegue fazer uma alimentação equilibrada, sem excessos”, disse Aline.

O açúcar é a forma mais rápida de fornecer glicose para o corpo. Esse componente é essencial para o funcionamento do cérebro, da retina e dos rins. O problema, segundo a nutricionista, é o açúcar branco, refinado, usado para adoçar os alimentos. Ele é uma substância extremamente concentrada. Para se ter uma ideia, uma colher de açúcar equivale a 90 cm de cana (quase 1m), e todo produto concentrado desgasta e sobrecarrega o organismo.

Além disso, durante o processo de refinamento, a cana perde todos os seus nutrientes, se tornando apenas fonte de calorias. Dessa forma, para ser assimilado, o açúcar “rouba” do organismo importantes vitaminas e minerais como o cálcio, que é importante na fase de crescimento e na prevenção da osteoporose, e a vitamina B1, que é importante para a integridade do sistema nervoso. Sua deficiência causa alterações nervosas como irritabilidade, cansaço e perda de memória.

“Ao contrário dos açúcares naturais, o açúcar refinado é absorvido muito depressa, causando um brusco aumento da glicose no sangue. O pâncreas é obrigado a produzir uma quantidade extra de insulina para baixar a glicemia. Essa reação é acompanhada de fraqueza, dor de cabeça, enjoo, falta de concentração e sonolência”, explicou a nutricionista da Sesau.

Com isso, a pessoa sente necessidade de um novo estimulante, e acaba ocorrendo um ciclo vicioso. Essas alterações na taxa de açúcar no sangue deterioram os mecanismos que regulam o metabolismo e esgotam o sistema nervoso.

“Comece a reduzir o açúcar do seu cafezinho, por exemplo. Com o tempo o paladar se acostuma e aceita melhor a nova quantidade”, aconselhou Yana Aline. Algumas alternativas são mais saudáveis como os açúcares mascavo ou demerara, uma vez que eles têm uma rápida absorção, não podendo ser usado por pessoas que tem diabetes, mas suas vantagens estão no fato de conterem vitaminas e minerais que o açúcar refinado perdeu e por isso “rouba” cálcio e vitamina B1 do organismo.

Por outro lado, os açúcares naturais contidos nos alimentos e a presença de fibras contribuirão para que a glicose vá para o sangue lentamente, garantindo maior saciedade e controle de peso. É o caso dos pães integrais, aveia, arroz integral, feijões, frutas, verduras e legumes. Todos esses alimentos contêm algum tipo de carboidrato, que é o seu açúcar natural.

Com açúcar, com afeto

A técnica em radiologia, Audrey Coutinho, de 39 anos, não tem vergonha de falar sobre sua compulsão por doces. Desde pequena ela já provava as guloseimas preparadas pelas mãos de sua mãe. Só coisas bem simples de que criança gosta, como brigadeiro de panela, macio, com bastante granulado para decorar.

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Em seu café da manhã, alimentos açucarados não podem faltar. O bolo simples, acabado de vir da padaria, é primordial. E umas boas porções de bolachas tipo “Maria” também. “O meu problema é o doce. Mesmo que eu coma alguma coisa salgada, o docinho tem que vir depois para aliviar a tensão”, disse, enquanto mordia um de seus bombons favoritos. “Preciso me alimentar de alguma coisa doce porque é um vício.”

No almoço, prefere se alimentar com 1/3 de comida, deixando o restante no prato, para as sobremesas irresistíveis. Quentes ou geladas. Carameladas, flambadas, com recheios cremosos e exóticos. Audrey Coutinho fica com água na boca só de pensar em descobrir novos sabores, principalmente quando se trata de doce.

Certa vez, para se autotestar, ela conta que já ficou até três dias sem comer alimentos com açúcar. Mas lembra de que nos primeiros dias de abstinência sentiu muito desconforto devido ao processo de desintoxicação do corpo. “Eu fique muito mal-humorada. Foi horrível. Nunca mais faço isso”, confessou.

Em dezembro do ano passado, ela descobriu ser pré-diabética. A preocupação com a saúde, claro, aumentou. Mudanças na alimentação foram realizadas, mas o chocolate e o refrigerante ainda precisam ser retirados do cardápio. De vez. Seis meses depois após saber do diagnóstico, os ponteiros da balança desceram. Ela perdeu peso e diminui medidas, passando do manequim 48 para o 44. Em novembro último, Audrey tinha 95 quilos. Hoje, ela chega com 88 quilos, peso que conserva com satisfação.

Açúcar ou adoçante?

Para Yana Aline, antes de fazer a troca do açúcar pelo adoçante, é preciso avaliar quem irá consumir o produto. “Só deve usar adoçante quem realmente precisa”, defendeu. “Indivíduos saudáveis, que não apresentam nenhuma doença que obrigue a restringir o açúcar, não deveriam inserir o adoçante na alimentação. Muito melhor seria adotarem uma dieta equilibrada, em quantidades adequadas para suas necessidades nutricionais”, sustentou a nutricionista. Alguns adoçantes apresentam sódio em sua composição, o que pode aumentar a retenção de líquidos e a pressão arterial.

Marcel Vital – Agência Alagoas

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