JOGO DE INTERESSES – Tios de candidato favorito para o STF têm ligações financeiras com Malafaia

Não é a primeira vez que o nome de Malafaia surge associado ao mercado de mineração. Em 2016, ele foi alvo da Operação Timóteo, que desbaratou esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo royalties da exploração mineral. De acordo com a Polícia Federal, Malafaia recebeu um cheque de R$ 100 mil de um dos escritórios investigados e o depositou em uma conta pessoal.

O pastor, que chegou a ser conduzido coercitivamente, disse à PF que foi alvo de arbitrariedade, pois o dinheiro seria “uma doação de um empresário” e que “declarou tudo à Receita”“O Michael Aboud, meu amigo há mais de 20 anos, trouxe um membro da igreja dele que é empresário para me dar uma oferta pessoal. Me deu uma oferta de R$ 100 mil, depositada na minha conta, declarada no imposto de renda meu e da minha esposa, porque eu tenho conta conjunta”, afirmou Malafaia na ocasião. O pastor acabou indiciado com outros 49 investigados.

Malafaia, que fala quase diariamente com Bolsonaro, disse a O Antagonista desconhecer o negócio de mineração envolvendo seu advogado, seu amigo e os tios do AGU. Jorge Vacite Neto, por sua vez, afirmou à reportagem que conheceu Itamar e João Roberto de Mendonça “por indicação” do centro de estudos de grafeno da Universidade Mackenzie e só descobriu o parentesco com André Mendonça “depois que já tinha assinado o distrato” do negócio, que, segundo ele, durou apenas seis meses.

Ele disse que esperava investir na exploração de grafeno, “mas o negócio não foi para frente”“Nem chegamos a abrir conta bancária. Assinamos um distrato em junho de 2020.” Mas o documento, firmado em 10 de dezembro de 2020 com data retroativa, nunca foi arquivado na Junta Comercial. Ou seja, formalmente a empresa segue em atividade. Por telefone, Sérgio Novaes, sócio administrador da Mendonça Mineração, disse que não tinha “satisfações para dar” sobre o negócio. André Mendonça não retornou os contatos, mas o espaço permanece aberto.

Itamar Mendonça, sócio e tio de André, afirmou que está “no negócio da grafita” desde 2012 e que seu pai “já falava em grafeno” desde a década de 50. “O Bolsonaro veio saber do grafeno com a gente”. Ele comentou ainda que a parceria com Vacite e Aboud “durou pouco” por causa de um “desentendimento sobre o investimento”, mas mantém a “relação amigável” e que já está em negociação com um “grupo local”. Ele nega que haja “conflito de interesses” pelo fato de seu sobrinho ser integrante do governo.

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