Já imaginou fazer uma massagem no shopping e, por causa disso, ter um AVC? Entenda

Estes dias, uma amiga minha, a Mariana Busanelli, postou uma história assustadora no Facebook. Conversei com ela para saber mais detalhes porque serve de alerta para todos nós.

“Eu sempre tenho dor nas costas – mas é normal, tensional, de postura mesmo – mas fazia uns 4 ou dias que estava com torcicolo. Aí veio o feriado do aniversário de São Paulo e fui ao shopping. Pensei: vou falar com alguém que entende para ver se solta mais os nódulos. Era um incômodo e uma sensação de que estava inflamado, mas não estava me limitando. Aí passei no shopping para almoçar, ir ao cinema ver o filme “La la Land” e aproveitei para fazer aquelas massagens rápidas. Senti dor e pedi para a profissional reduzir a pressão. Era uma sessão de 18 minutos. Ela usou umas manobras de shiatsu com o cotovelo. E na sequência, fez alguns procedimentos de quiropraxia, como alongamentos. Eu nunca tinha tido acesso à quiropraxia, que é uma técnica séria e milenar. Senti estalar a coluna, mas nada diferente do que eu estava sentindo em termos de dor. Então, não acendeu o alerta.

Fui embora, um pouco dolorida, como normalmente acontece quando faço massagem. Aí subi para tomar um suco e uns 10 minutos depois percebi que estava perdendo a visão lateral. Pensei que poderia ter tido um descolamento de retina, mas associei na hora à massagem. Comecei a enxergar com dificuldade e resolvi sentar em um lugar com menos luz para fechar os olhos e ver se melhorava. Quando fui sentar no banco, percebi que não via o fim dele. Eu estava sozinha e resolvi ir ao hospital. Ninguém nem notou que eu tinha alguma coisa. Não consegui chamar um taxi e resolvi ir a pé porque era pertinho. Quando cheguei no hospital só falei que estava sem enxergar e me encaminharam para a neurologista.

Eu não passava em nenhum teste. Não conseguia, por exemplo, ver quem passava do meu lado. A médica perguntou o que eu tinha feito antes e quando contei da massagem, ela disse que era comum. Na hora do tranco, durante a massagem, aconteceu uma dissecção da artéria vertebral, que, por sorte, não era a carótida. Fui, então, fazer a ressonância magnética e mostrou um AVC no cerebelo (uma isquemia), em decorrência da dissecção. Eu quero dar esse depoimento porque tem gente que pode passar por isso e não saber ou preferir não passar no hospital, pois a minha visão voltou duas horas depois. Mas sempre vale ficar atento, principalmente porque quanto mais jovem você é, mais chance você tem de não ter sequelas. Detalhe: quando a artéria dissecou formou-se um coágulo, que podia subir para a cabeça. Quem tem algum problema de circulação ou até mesmo toma anticoncepcional pode ter um coágulo ainda maior.

Acabei ficando uma semana no hospital e saí com a recomendação de que não devo me preocupar nem levantar peso nos primeiros dias. Hoje, só agradeço por não ter tido consequências graves”.

Aí, fui pesquisar, porque fiquei horrorizada, né? E descobri que o AVC que a Mari teve foi o diferente da ex-primeira dama Marisa Leticia, por exemplo. O da Mari é o chamado isquêmico, que é o entupimento de uma artéria. O de Marisa era o hemorrágico, decorrente do rompimento de um vaso. Menos mal, é claro, mas ainda assim vale ficarmos atentos porque, pelo que pesquisei, não é só uma manobra errada de quiropraxia que pode causar isso não: movimentos bruscos na musculação e até e lavatórios de salões de beleza trazem riscos, sem contar esportes radicais, como o bungee jump.

Para ir mais a fundo, conversei com a dra. Samira Apóstolos, que é neurologista no hospital Sírio-Libanês e ela me explicou que nem toda dissecção causa isquemia ou mesmo um coágulo. “Porém, a dissecção comumente machuca a parede do vaso e isso pode levar à formação de um coágulo. E quando isso acontece, esse coágulo ‘passeia’ pelo sangue e pode levar à trombose de um vaso, que é a isquemia. Esta isquemia pode, depois, se transformar um uma forma de hemorragia”, explicou. E disse que os sintomas costumam ser dores na cabeça, na nuca e na cervical.

Como consequência, pode se perder (temporariamente ou não) a fala, a visão e até os movimentos de um braço ou perna. Na dúvida, vale correr para o hospital e pedir atendimento o quanto antes.

 

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06/02/2017

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