Iphan vai recuperar a sede da Filarmônica mais antiga de Marechal Deodoro

Parte da tradição musical da cidade, casa integra o Patrimônio Cultural Brasileiro

Corre pelas ruas de Marechal Deodoro, no Alagoas (AL), a história de que quando nasce uma criança na cidade, joga-se barro na parede para descobrir o futuro ofício do recém-nascido: se cair, será pescador; se ficar na parede, será músico. Parte intrínseca da identidade e da cultura deodorense, as bandas sinfônicas marcam tanto a região como as praias exuberantes e as edificações históricas.

A fim de valorizar o Patrimônio Cultural do município, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – autarquia federal vinculada ao Ministério do Turismo e à Secretaria Especial de Cultura – vai investir aproximadamente R$192 mil em obras para consolidar a estrutura e reconstruir o telhado da sede da Sociedade Filarmônica Santa Cecília.

Com 98 anos, a Sociedade é uma entidade sem fins lucrativos que exemplifica como a música atravessa gerações de deodorenses, muitas vezes em forma de tradição familiar. É comum que netos integrem uma banda local após seus pais e avós tocarem um instrumento nos conjuntos da cidade ao longo de toda a vida.

Devido às condições precárias do prédio que abriga a sede da Sociedade, a Filarmônica está impossibilitada de ensaiar no espaço que a abriga há décadas. De características coloniais, a casa faz parte do conjunto arquitetônico e urbanístico de Marechal Deodoro, tombado pelo Iphan em 2009. Este bem foi inscrito em dois Livros do Tombo: o Histórico e o Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico.

As intervenções contemplam o reforço estrutural da edificação, a recuperação da coberta, a instalação do novo sistema elétrico, o fechamento de vãos em alvenaria, entre outros serviços.

O superintendente substituto do Iphan no AL avalia que “as obras vão devolver à comunidade um importante componente de bem tombado, que também consiste em um equipamento cultural de grande relevância para Marechal Deodoro”.

Investimentos no Patrimônio Cultural

A obra é mais uma entre uma série de intervenções recentes promovidas em Alagoas. A restauração da Casa de Jorge de Lima, no município de União dos Palmares, a consolidação das ruínas da Igreja de São Bento, em Maragogi, e as adaptações para transformar em biblioteca a Igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Marechal Deodoro, compõem o rol de intervenções que conta com recursos do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos (FDD), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Outras obras no estado vêm sendo realizadas com investimentos do Iphan, como a requalificação urbanística do Largo de São Gonçalo, em Penedo, a restauração da Igreja de Nosso Senhor Bom Jesus dos Martírios, em Maceió e da Igreja Matriz de Coqueiro Seco.

Em Marechal Deodoro, as intervenções também se multiplicam. Foram requalificados os largos da Igreja Matriz, do Carmo e do Bonfim, e está em curso a restauração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, assim como o embutimento de fiação aérea no Largo da Matriz, as obras na Igreja do Bonfim e da Matriz Nossa Senhora da Conceição.

Ao todo, essas intervenções somam mais de R$ 17 milhões em recursos aplicados. “Estes monumentos reforçam a sensação de pertencimento do cidadão deodorense com a cidade. Além disso, as obras em edificações históricas criam empregos, atraem turistas e geram renda para a população alagoana”, avalia a presidente do Iphan Larissa Peixoto.

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