INOVAÇÃO: Hospital da Mulher utiliza ‘pedalinhos’ para reabilitar pacientes com Covid-19

Com o propósito de treinar de forma dinâmica, não só a musculatura dos braços, mas, também, os membros inferiores dos pacientes de Covid-19, o Hospital da Mulher (HM), em Maceió, está utilizando uma ferramenta inovadora. Confeccionados pela equipe de fisioterapia da unidade, dois cicloergômetros de PVC, mais conhecidos como “pedalinhos”, têm melhorado a capacidade física e a qualidade de vida dos doentes acometidos pelo novo coronavírus.

De acordo com a coordenadora de fisioterapia do HM, Damyeska Alves, o cicloergômetro é um aparelho estacionário, que permite rotações cíclicas, podendo ser utilizado para realizar exercícios passivos, ativos e resistidos com os pacientes. “O mesmo apresenta destaque em vários artigos, onde sua implementação no protocolo de tratamento apresenta-se como um recurso a mais na intervenção, além da aceitação e boa adaptação por parte dos pacientes”, destacou.

Ainda de acordo com ela, com o estímulo de tocar no equipamento, o cérebro do paciente já começa a trabalhar para que ele faça o esforço, recrutando, assim, a musculatura corporal. “Logo, o corpo passa a lembrar do movimento que ele tinha antes de contrair a Covid-19 e, desse modo, o paciente consegue fazer, paulatinamente, a forma circular de maneira completa no ‘pedalinho’”, sintetizou Damyeska Alves.

Primeira vez – O aposentado José Francisco de Melo, de 55 anos, internado há nove dias num dos leitos da semi-intensiva do HM, é um dos pacientes beneficiados pelo uso do “pedalinho”. Adulto, nunca tinha pedalado. Achava que não ia conseguir. Com a ajuda das fisioterapeutas Eveline Frota e Carmélia Brandão, ele foi valente, venceu o medo e colocou os pés nos pedais. E, alguns giros depois, pronto! Lá estava ele, se emancipando de si, sem querer parar de pedalar.

Ele se mostrou bem à vontade durante o exercício. O treinamento durou menos de dez minutos, pois o senhor franzino e simpático acabava cansando, em virtude de ser um ex-fumante. 55 anos de vida, sendo 30 deles com o cigarro à boca. Há 11 anos ele deixou o vício de lado. “Mesmo sendo a primeira vez pedalando, acho que me saí bem”, disse ele, sorrindo, sem modéstias.

José Francisco de Melo, que é diabético, mora em Ibateguara, distante 115 km da capital. No sábado (4), acordou espirrando, mas, como de costume, se automedicou com chás de ervas, das receitas milagrosas com ingredientes do cotidiano, porque achava que o sintoma era semelhante à gripe. Acreditava que as plantas medicinais iam lhe garantir ao menos umas horas de bom repouso.

Não passava pela sua cabeça que o “atchim” poderia ser um indício da Covid-19.  No mesmo dia, à tarde, ele começou a cansar e não sentir mais o gosto e o cheiro da comida em seu prato e, dois dias depois, ele foi levado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Benedito Bentes pelos filhos e, em seguida, transferido para um dos leitos clínicos no HM.

Fraqueza muscular – A fisioterapeuta intensivista do HM, Laís Lima, explicou que, nos casos em que os pacientes estão internados na UTI, sob ventilação mecânica e usando medicamentos como corticoides e neurobloqueadores, podem ocorrer quadros de fraqueza muscular generalizada. Para estes casos, o cicloergômetro de PVC tem sido uma forma de ajudar, ainda mais, na recuperação da saúde dos doentes.

“Nesse sentido, ao invés de ficarmos apenas com os exercícios ativos livres, o ‘pedalinho’ consegue auxiliar esse paciente de forma dinâmica, dando-lhe mais resistência, para que ele possa realizar novamente os movimentos que o corpo tinha, antes de contrair o novo coronavírus”, esclareceu Laís Lima.

Já para os pacientes internados nos leitos da semi-intensiva, a profissional acredita que, como são doentes mais estáveis, cujo quadro de saúde não é tão grave, quando comparado àqueles que estão na UTI, o “pedalinho” tem sido fundamental. “Isso porque, ele consegue estimular a musculatura do corpo de tal forma, a ponto de que o paciente não perca a funcionalidade prévia à internação. Essa estimulação é imprescindível, para que, após a alta hospitalar, o paciente saia caminhando normalmente, fazendo suas atividades normais”, salientou Laís Lima.

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