Flamengo: temendo até interdiçã, clube priorizará busca por documentos

Ainda com os acontecimentos do dia a dia muitos ligados à tragédia da última sexta-feira, quando dez garotos morreram em um incêndio no Ninho do Urubu e outros três foram hospitalizados, o Flamengo já definiu qual será sua prioridade após dar assistência para as famílias das vítimas.

O foco é reunir o máximo de documentos possíveis sobre as medidas de segurança e prevenção tomadas no centro de treinamento para evitar punições.

O temor maior é o de uma pena muito rigorosa, como a interdição do Ninho do Urubu pelo Ministério Público, assim relataram interlocutores da presidência à reportagem, informa o MSN.

O cenário hipotético teria consequências bem negativas para o Flamengo na avaliação dos diretores. O prejuízo mais claro seria para a gestão do futebol – centenas de profissionais, somando o elenco principal e as categorias base, perderiam o espaço físico para treinar e teriam de ser deslocados para outra área.

A mudança também envolveria custos para alocar jogadores da base, que moram em alojamentos no Ninho do Urubu, e também acomodar os departamentos médico, físico etc. A avaliação é de que o prejuízo também teria consequências técnicas, porque tiraria o time profissional de um local onde hoje tudo que é necessário está ao alcance.

Reinaldo Belotti concedeu pronunciamento neste sábado, um dia após a tragédia no CT do clube © Fornecido por ESPN Reinaldo Belotti concedeu pronunciamento neste sábado, um dia após a tragédia no CT do clube

Alguns diretores entendem que uma decisão com tamanho rigor também teria impacto na imagem do clube.

Por isso a comissão de gestão de crise, que é comandada pelo CEO Reinaldo Belotti, trabalha para ter uma defesa sólida. O grupo recebeu como ordem de prioridade levantar toda a documentação necessária para mostrar para a Justiça que o Flamengo não foi negligente no incêndio de sexta, tendo tomado as medidas preventivas de segurança.

“Dois dias antes dos garotos serem recebidos, os alojamentos passaram por manutenção”, disse Belotti, no sábado.

A busca pelos documentos incluí principalmente a documentação exigida pelo Corpo de Bombeiros, pela Defesa Civil e pela prefeitura do Rio de Janeiro, que questionou os alvarás de funcionamento do Ninho do Urubu, em nota oficial emitida na última sexta-feira.

O Flamengo quer mostrar que tem oito dos nove certificados de funcionamento (um estaria em trâmite para aprovação), afastando a imagem de que não trabalhava com alojamentos sem segurança. Tudo isso que está sendo feito terá a ajuda de Alexandre Wrobel, ex-vice presidente de patrimônio do clube.

A direção atual depende da ajuda dos antecessores porque o presidente Rodolfo Landim está no cargo há pouco mais de um mês. Ele admitiu para os mesmos interlocutores que ainda não conseguiu ficar a par de todo o “universo” que o Flamengo representa. E o trabalho no CT não estava na lista principal do cartola.

Nesta semana que iniciará, Landim e outros diretores devem ser chamados para depor no 42º DP do Recreio dos Bandeirantes, na zona oeste do Rio de Janeiro. É lá que o inquérito foi instaurado aos cuidados do delegado Márcio Petra. Por enquanto, 13 jogadores e três funcionários já foram ouvidos.

O prazo mínimo para uma conclusão são 30 dias úteis.

Representantes da Polícia Civil descartam qualquer punição prevista neste momento. Entendem que ainda é muito prematuro pensar assim.

De qualquer forma, há um entendimento entre as partes. Neste início de trabalho, a prioridade deve ser dada para as famílias das vítimas fatais –faltam dois corpos para serem identificados– e os jogadores que escaparam com vida, mas estão internados.

“Todos os pré-requisitos foram atendidos. Esse módulo de alojamento é conhecido por todos. Aquilo não era um puxadinho. Era um alojamento adequado para o que se propunha e nos mostrávamos a todos com orgulho”, disse Belotti em pronunciamento na sede do Flamengo, na Gávea, neste sábado.

“Esse episódio está trazendo confusão. O CT, seus alvarás e suas multas. Isso não tem a ver com o acidente. Estamos trabalhando para ter todos os certificados. Temos oito e precisamos de nove”, concluiu.

10/02/2019

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo