FERNANDO COLLOR: meu maior erro foi a falta de base no Congresso

Senador diz que não foi confisco da poupança, e sim falta de articulação, a sua maior falha no comando da Presidência

Primeiro presidente eleito após a redemocratização, o senador por Alagoas Fernando Collor teve o mandato na Presidência encurtado por um processo de impeachment que o levou à renúncia, antes de completar três anos no poder. Apesar do pouco tempo, foi responsável pela abertura comercial do País e pelo polêmico plano Collor, que incluiu o confisco das poupanças, decisão pela qual ele pediu perdão aos brasileiros pelas redes sociais em maio, trinta anos depois.

Apesar de ainda sofrer críticas pelo confisco, o hoje senador em segundo mandato por Alagoas avalia que este não foi o seu principal erro na Presidência, e sim a falta de articulação política com o Congresso. Sem uma base que o sustentasse politicamente, ele não conseguiu se defender dos ataques e processos que começaram assim que a euforia com a sua eleição acabou em um País em crise financeira.

“O maior erro que eu cometi foi não dar a atenção devida à construção de uma base parlamentar que sustentasse politicamente o meu governo”, disse, em uma entrevista ao R7 Planalto, nesta semana. O fato de sua eleição ter sido “avulsa”, apenas para presidente e não também governador, deputado estadual e federal e senador, como é hoje, contribuiu, na sua avaliação, para a relação debilitada com o Congresso Nacional, já que ele iniciou o mandato com um Congresso e teve outra configuração a partir do segundo ano.

“E esse é o sistema que nós vivemos, de presidencialismo de coalizão. Uma coisa é certa: o presidente da República ou constrói essa base majoritária de sustentação no Congresso ou não conclui seu governo”, afirma.

Exatamente por isso, observou apreensivo ao primeiro ano de governo do presidente Bolsonaro, que demorou para formar uma base de apoio no Congresso. “Eu acho que está caminhando, mas demorou bastante. Eu venho falando, há mais de um ano, que esse filme eu já vi e que estava preocupado com o descaso que ele estava dando para essa relação”, avalia, acrescentando ter identificado uma aproximação positiva nas últimas semanas.

O ex-presidente, que viu seus hábitos mudarem na pandemia do novo coronavírus, aderiu fortemente às redes sociais e se surpreendeu com o perfil dos seus seguidores: 70% de jovens entre 25 e 35 anos. “São pessoas que não eram nascidas quando eu tomei posse na Presidência”, diz. Collor segue no atual segundo mandato como senador e anuncia sua candidatura ao mesmo cargo na eleição de 2022. Questionado se gostaria de subir a rampa do Planalto mais uma vez, ele nega, embora reconheça que sente saudades da Presidência.

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