Eucalipto se torna alternativa à produção de cana no Estado

Produtores utilizam áreas de encosta e podem faturar até R$ 5 mil por hectare

Eucalipto se torna alternativa à produção de cana no Estado.
Eucalipto se torna alternativa à produção de cana no Estado.

Alagoas possui condições ideais para o plantio do eucalipto, favorecendo a geração de emprego e rendaThiago Sampaio

O Estado de Alagoas sempre teve na cana-de-açúcar a sua principal atividade econômica, gerando empregos e movimentando o mercado durante décadas. Porém, nos últimos tempos, a atividade vem perdendo força devido a alguns fatores, como a desvalorização do preço do produto (açúcar) e a topografia irregular, inviabilizando o uso de máquinas de colheita em encostas na região Norte do Estado, onde se concentra mais da metade das usinas alagoanas.

Diante desse quadro, surgiu a possibilidade de aproveitar essas áreas com o cultivo de eucaliptos, unindo rentabilidade à sustentabilidade do meio ambiente, principalmente no que diz respeito a erosão do solo.

Segundo o superintendente de Desenvolvimento Agrário da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária, Pesca e Aquicultura (Seagri), Hibernon Cavalcante, os testes com eucaliptos tiveram início no ano de 2009.

“Inicialmente, os testes serviu para observar o comportamento de 40 clones, que foram plantados em vários ambientes. Para a surpresa do corpo técnico do órgão, obtivemos produtividade acima dos locais de origem. Isso atraiu pesquisadores que comprovaram que Alagoas possui condições ideais para o plantio da árvore”, lembrou o superintendente.

Atualmente, existem cerca de 10 mil hectares plantados com eucalipto no Estado e, segundo Hibernon Cavalcante, esse número vem crescendo a cada ano.

“A maioria dessas áreas é de encosta, ou seja, áreas marginais para a cana-de-açúcar, com tendência para o pasto ou para outras culturas, como o eucalipto. Hoje, a cultura é vantajosa para o produtor, economicamente falando, podendo alcançar uma rentabilidade de até R$ 5 mil por hectare/ano, superando a cana e o gado”, afirmou o superintendente.

“O eucalipto pode ser uma opção de geração de energia para essas usinas que estão fechando. Preservada a parte da caldeira, a indústria, com algumas adaptações, pode ser absorvida como geradora de energia. Além disso, a madeira pode ser usada também na construção civil, em cercas e galpões, evitando o desmatamento da Amazônia e de áreas de preservação ambiental”, explicou Hibernon Cavalcante.

O superintendente afirmou ainda que a cultura pode, sim, ser uma excelente geradora de emprego em Alagoas. “O eucalipto requer uma quantidade de mão de obra interessante para o seu plantio e manutenção, gerando até mais emprego que uma plantação de cana com colheita mecanizada”.

Ênio Agra é produtor de eucalipto no município de Atalaia e possui uma área plantada de 300 hectares. Segundo ele, que já foi produtor de cana e sofreu com a falta de pagamento das usinas, a cultura veio como uma alternativa muito rentável.

“Eu possuo áreas de encosta que eram usadas com cana, mas as usinas não estavam pagando. Hoje, eu consigo tirar R$ 2.500 por hectare e estou muito satisfeito. Futuramente quero agregar criação de gado ao plantio do eucalipto”, nos contou Ênio Agra.

“Tudo que venha gerar emprego e renda no Estado é importante, principalmente na diversificação da atividade agrícola, utilizando áreas que hoje estão improdutivas. Nunca plantei eucalipto em minha propriedade, mas acredito que a atividade vai contribuir bastante na geração de emprego e renda em Alagoas, abrindo a oportunidade de se atrair novas indústrias para o Estado”, concluiu o secretário da Agricultura, Alvaro Vasconcelos.

Sobre o eucalipto

Árvore da família das Mirtáceas, o eucalipto é nativo da Oceania, onde é a espécie dominante da flora local. Com mais de 700 espécies, a maioria de origem australiana, adapta-se praticamente a todas as condições climáticas.

Uma vantagem bastante interessante do eucalipto é a menor retenção de água, permitindo que ela chegue ao solo mais rapidamente, além de diminuir a evaporação para a atmosfera, ao contrário de algumas matas nativas, cujas copas das árvores são mais densas.

O fato de suas raízes chegarem até dois metros e meio de profundidade e não atingirem os lençóis freáticos as faz consumirem menos água do que uma plantação de cana-de-açúcar ou café, por exemplo.

No Brasil, o cultivo da árvore foi iniciado em meados de 1909, pelo engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade, então funcionário da Cia. Paulista. Hoje, o plantio abrange extensas áreas, principalmente em Minas Gerais, sendo o município de Itamarantiba um dos maiores produtores do país, há mais de trinta anos.

André Risco – Agência Alagoas.

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