Estudante cega de Traipu é aprovada no IFAL: ‘a deficiência não vai ser motivo para desistir dos meus sonhos’

Jovem tem 18 anos e teve meningite aos sete, quando passou dois anos fora da sala de aula.

Jousiclecia Almeida dos Santos se tornou um exemplo de determinação ao realizar feitos de sua bagagem de sonhos e vencer as barreiras que a deficiência visual, causada pela meningite, a impôs desde os sete anos de idade.

De uma família de agricultores de Dois Riachos, povoado da zona rural de Traipu, a jovem de 18 anos ficou conhecida na cidade após receber a notícia de que foi aprovada no curso de Informática do Instituto Federal de Alagoas (IFAL). Clique aqui para conferir a lista de aprovados.

“Quando eu tive acesso à relação de aprovados não acreditei. Ouvi duas vezes e depois enviei para minha professora de inglês, Walquíria. Ela sempre esteve ao meu lado me incentivando e apoiando em tudo. A minha ficha só caiu depois que passei dois dias ouvindo a lista. O sentimento de felicidade e gratidão tomou conta”, disse.

Segundo ela, por conta da pandemia do Coronavírus, a seleção do IFAL ocorreu por meio do boletim escolar. Contudo, se engana quem pensa que todo esse processo foi fácil.

Tudo começou aos sete anos quando Jousiclecia descobriu que tinha meningite e por consequência da doença perdeu a visão.

Na época, ela precisou ser internada e entre as idas e vindas de consultórios médicos, sua família decidiu tirá-la da escola. A jovem ainda permanece sendo acompanhada por médicos em Maceió e Aracaju.

“Passei dois anos sem estudar. Minha família não sabia como iam lidar comigo na sala de aula”, relatou.

A deficiência não deixou que ela perdesse a vontade e desistisse de estudar. Assim, Jousiclecia Almeida insistiu e voltou à escola.

No 7º ano do ensino fundamental o seu tempo passou a ser dividido entre as matérias escolares e as aulas de braile. Neste período Jousiclecia passava cerca de 1 hora na estrada para ir estudar em Arapiraca.

Além disso, ainda tinha aulas de orientação e mobilidade para aprender a se locomover com o bastão bengala, o equipamento utilizado por deficientes visuais.

“Eu sempre tive vontade de terminar os meus estudos. Aí, falei para mim mesma ‘a deficiência não vai ser motivo para eu desistir de lutar pelos meus sonhos’. Eu sempre soube que era capaz de alcançar tudo aquilo que eu almejasse”, afirmou a jovem.

Quando não estava estudando o braile, ela se dedicava às matérias para ingressar na instituição federal e mantinha uma rotina de 2 horas de estudos por dia.

E, embora a realização recente esteja presente em seu semblante de felicidade, o seu empenho com os estudos permanece até hoje com o sonho de cursar direito e se tornar advogada.

“O estudo transforma a nossa vida. Basta a determinação de cada um. Não importa a escola ou as dificuldades que aparecem pelo caminho. A cada obstáculo vencido, as minhas forças aumentavam. Um conselho que dou a todos vocês é que estudem bastante, lutem, busquem e conquistem”, ressaltou.

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