Esteticista conhecida como ‘Dani bumbum’ é solta após um mês na cadeia

A esteticista Danielle Cândido Cardoso, também conhecida como Dani Bumbum, responsável por fazer um preenchimento que levou a morte da microempresária Fernanda do Carmo de Assis, de 29 anos, foi solta nesta quinta-feira. Presa desde o dia 17 de outubro, quando se apresentou na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque) após ter a prisão temporária decretada pela Justiça, Dani Bumbum conseguiu a revogação da prisão temporária na última sexta-feira. Já o alvará de soltura foi despachado nesta quarta-feira, no Tribunal de Justiça do Rio.

Na decisão, afirma-se que “a prisão cautelar deve estar embasada em elementos que demonstrem a sua efetiva necessidade”. O texto destaca que o delito não foi cometido com violência ou grave ameaça à pessoa e que a acusada possui endereço certo, além de ter se apresentado espontaneamente na delegacia. A decisão cita ainda que Dani Bumbum tem uma filha de 10 anos de idade, o que traz a possibilidade da prisão domiciliar. “Não há elemento concreto a demonstrar que a acusada deva permanecer com sua liberdade cerceada até o desfecho do processo”.

No entanto, apesar da soltura, foi determinado que Dani Bumbum cumpra medidas cautelares, como, por exemplo, o comparecimento mensal ao juízo até o dia 10 de cada mês, comparecimento a todos os atos do processo para os quais seja intimada, não mudar de endereço sem comunicar e nem manter contato com testemunhas relacionados ao fato. No último dia 26 de outubro, a 1ª Vara Criminal do Rio chegou a negar um pedido de liberdade provisória feito pela defesa de Danielle, atesta o Extra.

Procedimento custou R$ 1 mil

Fernanda do Carmo de Assis morreu nove dias após se submeter a um procedimento estético, feito por Dani Bumbum. A profissional injetava silicone industrial nas pessoas que a procuravam como se fosse metacril. Por cada litro cobrava R$ 3,5 mil, conforme contou à polícia uma dona de casa que, em 2016, injetou um litro e meio do produto nos glúteos. Ela cobrou R$ 1 mil pelo preenchimento feito nos glúteos e nos lábios da microempresária. O procedimento foi feita na casa da vítima.

Alex Fernando, companheiro da microempresária, afirmou à polícia que recebeu um telefonema de Danielle dizendo que essa foi a primeira vez que acontecia uma morte após um procedimento que ela tenha realizado. Disse, também, ter transferido R$ 200 para a conta de Alex. Foi assim que ele descobriu o nome completo da suspeita.

Outra amiga de Fernanda afirmou que Danielle foi até a casa da microempresária para trocar o curativo. Quando viu um ferimento nas nádegas de Fernanda, a suspeita “começou a chorar e não falou nada”. O resultado preliminar do exame cadavérico, feito no corpo da microempresária, confirma que a causa da morte foi embolia pulmonar, em decorrência de uma substância encontrada nos pulmões.

A polícia investiga a informação de que a suspeita usou uma espécie de supercola para tentar evitar o vazamento de uma substância que foi aplicada no corpo da vítima. Os investigadores aguardam o resultado do laudo cadavérico para saber exatamente que produto foi aplicado em Fernanda. Testemunhas e pessoas ligadas à microempresária contaram que a vítima havia feito um outro procedimento estético recentemente e por isso teria recebido a orientação de não fazer o preenchimento. Danielle também sabia do fato, mas optou por fazer assim mesmo.

Pelo menos três mulheres, que também se submeteram a preenchimentos nos glúteos supostamente feitos por Dani Bumbum, já estiveram na 31ª DP. Nos depoimentos, elas relataram ter tido sequelas, como dores e até dificuldade para sentar ou andar.

Outros casos no Rio

Entre abril e outubro deste ano, pelo menos cinco mulheres que se submetram a procedimentos estéticos no Rio morreram em consequência da irresponsabilidade dos profissionais. Um dos casos com maior repercussão foi o da morte da bancária Lilian Calixto, de 46 anos, em 15 de julho. Ela havia passado por uma bioplastia na cobertura do médico Denis Furtado, o Doutor Bumbum, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste.

Após o procedimento, Lilian começou a passar mal. Ela foi levada pelo médico, junto com a mãe e a namorada dele, para o Hospital Barra D’Or, onde acabou morrendo. Denis foi preso, acusado de homicídio qualificado e associação criminosa.

No dia 20 de julho, a modelo Mayara Silva dos Santos, de 24 anos, morreu após ser submetida a um suposto procedimento estético num apartamento no Recreio dos Bandeirantes, também na Zona Oeste. Ela chegou a ser levada para o Hospital municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, mas chegou morta à unidade. Mayara morava na Dinamarca e, segundo amigos, veio ao Brasil para fazer o procedimento.

A professora Adriana Ferreira Capitão Pinto, de 41 anos, também morreu uma semana depois de se submeter a uma lipoescultura — que custou R$ 5,2 mil — feita pela médica Geysa Leal Correa em sua clínica em Icaraí, Niterói, na Região Metropolitana no Rio, no dia 16 de julho. Ela passou mal em casa, na Barra da Tijuca. O Corpo de Bombeiros chegou a ser chamado e tentou reanimá-la, mas não adiantou.

No dia 18 de abril, Fátima Santos de Oliveira, de 44 anos, morreu no Hospital Federal do Andaraí, na Zona Norte. Ela havia se submetido, em 16 de março, a uma aplicação de metacril nas nádegas. Mariana de Miranda, de 34 anos, foi presa acusada da morte.

16/11/2018

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