Erros de Português são principal motivo de eliminação em processos seletivos

Em tempos de desemprego, há vagas no mercado de trabalho que ainda não foram preenchidas devido à falta de conhecimento dos candidatos em uma matéria básica do dia a dia: a Língua Portuguesa. Erros de Português são o principal motivo que leva recrutadores a descartarem currículos — mais até do que a inexperiência —, segundo um recente levantamento da Catho. Em outra pesquisa, realizada pelo Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), 9.149 estudantes de ensino técnico e superior foram submetidos a um ditado com 30 palavras corriqueiras. Mais da metade (50,3%) foi reprovada na avaliação das habilidades linguísticas, uma etapa elementar de processos seletivos.

— Equívocos de Português são o item que mais desclassifica candidatos a vagas de emprego em qualquer fase da seleção, seja na análise de currículo, em testes ou nas entrevistas — afirma a gerente da Catho Tábitha Laurino.

Deslizes gramaticais e ortográficos no currículo transmitem uma mensagem de displicência , já que o documento poderia ter sido revisado. Em provas e entrevistas, o mau emprego do idioma nativo — com incorreções de pronúncia e concordância, por exemplo — mostram o despreparo do interessado para a posição pretendida.

— Ainda que o estágio seja o início da carreira, ele envolve atividades de certa complexidade. Se o estudante tem uma habilidade básica ruim, o recrutador entende que dificilmente ele conseguirá desenvolver outras — destaca a psicóloga Yolanda Brandão, gerente de treinamentos do Nube: — A capacidade de se comunicar é fundamental no mundo atual. Se a pessoa se expressa mal durante o processo seletivo, possivelmente será assim também quando ela precisar escrever um e-mail ou fazer uma apresentação oral, diz o Extra.

— Quem domina o Português passa a imagem de um profissional versátil, que pode ser usado pela companhia em diversas ocasiões, como em negociações de acordos — diz Tábitha Laurino.

Linguagem de internet atrapalha candidatos

Um problema que tem sido recorrente na comunicação dos candidatos a vagas de estágio e emprego é a utilização da linguagem de internet em situações de trabalho.

— As pessoas, principalmente os mais jovens, se habituaram a escrever como fazem nas redes sociais, com abreviaturas como “vc” e “pq”. Falta habilidade para discernir quais são os momentos em que isso é adequado ou não — ressalta a gerente do ManpowerGroup Danielle Alfieri.

Gírias até podem ser usadas em empresas mais modernas e flexíveis, mas moderação nunca é demais. O ideal é se informar sobre a cultura da organização antes das etapas do processo seletivo para não cometer gafes, recomenda Tábitha Laurino.

Além dos erros de Português, o vocabulário restrito depõe contra os interessados em conseguir uma oportunidade no mercado de trabalho.

— Repetir muito as palavras “coisa” e “negócio”, por exemplo, em uma explicação denuncia a falta de repertório — alerta Yolanda Brandão.

A falta de organização das ideias no discurso, seja ele falado ou escrito, também interfere no desempenho em um processo seletivo.

— Quando o candidato deixa de se expressar de maneira clara e objetiva, a imagem que ele passa ao selecionador não é de muita credibilidade — avalia a consultora de comunicação empresarial Rosângela Cremaschi.

Dedicação nos estudos

Para Rosângela Cremaschi, autora dos livros “Português corporativo” e “101 dicas de Português”, a falta de domínio da Língua Portuguesa é uma deficiência de base, levada da escola ao ambiente de trabalho. Além de prejudicar quem está fora do mercado pleiteando uma vaga, erros relacionados ao idioma nativo atrapalham os empregados que desejam progredir na carreira. A boa notícia é que melhorar os conhecimentos linguísticos é uma questão apenas de dedicação.

— Muito se fala da importância de pós-graduação e línguas estrangeiras, mas às vezes não há a percepção de que existe uma falha grave no que é mais básico, o Português. Com esforço, é possível desenvolver essa competência. Estudantes devem incluir a disciplina na sua programação de estudos, mesmo que façam curso superior em uma área totalmente diferente — sublinha Yolanda Brandão.

Na pesquisa feita pelo Nube, os cursos com pior desempenho em Língua Portuguesa foram Rádio e TV, Biomedicina, Administração, Direito e Publicidade. Em contrapartida, Engenharia de Produção, Letras, Psicologia, Engenharia de Computação e Ciência da Computação tiveram os melhores rendimentos.

Aumente suas chances no mercado de trabalho

Revise seu currículo: antes de se candidatar a uma vaga, peça para alguém revisar seu currículo. Talvez a pessoa encontre algum erro que você não detectou.

Leia mais: o hábito da leitura contribui para a aquisição de vocabulário e de conhecimentos ortográficos.

Use corretores: habilite corretores de gramática e ortografia em softwares de texto.

Policie-se: tenha atenção ao escrever e falar para evitar erros. Peça a alguém com quem você tem intimidade que aponte seus equívocos.

Use o dicionário: procure o significado de palavras que você ouviu ou leu e ainda não conhece.

Estude português: a boa e velha gramática é de grande valia, mas, na ausência do livro, há videoaulas e cursos online que ajudam a aprimorar o Português. Busque também cursos presenciais.

Procure suporte: alunos de graduação que não tenham disciplina de Língua Portuguesa na grade podem procurar matérias em outros cursos e atividades extras na universidade que deem suporte ao desenvolvimento de habilidades linguísticas.

Pratique a escrita: exercite sua comunicação escrita. Quanto mais você escrever corretamente, mais natural será sua expressão.

Consulte boas fontes: a Academia Brasileira de Letras é a guardiã da Língua Portuguesa. No site www.academia.org.br, é possível tirar dúvidas na seção “ABL Responde”, verificar a ortografia das palavras no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP).

22/04/2019

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