É falso que pesquisa em laboratório não identificou Covid-19 em testes positivos

Imagem: Agência Alagoas

Circula nas redes sociais a informação de que supostos testes de laboratório não encontraram o vírus Sars-CoV-2 em 1.500 exames positivos para Covid-19 nos EUA. O conteúdo é falso. Não há dados com o resultado da suposta pesquisa e o nome do virologista mencionado como autor não aparece em nenhuma publicação científica.

O link compartilhado no WhatsApp é de um site que reproduz várias informações falsas. “O cientista clínico e imunologista-virologista Dr. Derek Knauss e sua equipe de imunologistas atuando no sul da Califórnia examinaram 1.500 testes que deram ‘positivo’ para Covid-19. Os resultados dos testes de laboratório foram desconcertantes. Nenhum teste foi encontrado para ter Covid. Simplesmente não havia vestígios deste vírus. Os cientistas encontraram apenas os vírus influenza A e B. Dr”, diz a mensagem.

Não há qualquer registro da existência da pesquisa mencionada. O primeiro fato curioso é que nem o nome do virologista é encontrado em sites de bases científicas, como Google Scholar, PubMed, Scopus e Researchgate. Além disso, nenhuma informação é encontrada em sites onde são registrados resultados de pesquisas científicas, como Clinical Trials, OMS (Organização Mundial da Saúde) e Wiley Online Library.

O texto também afirma que o CDC (Centers for Disease Control, órgão de saúde do governo americano) não quis enviar amostras do vírus Sars-Cov-2 para análise. No entanto, no dia 20 de janeiro do ano passado, o CDC iniciou um processo de isolamento e análise da amostra do patógeno coletado do primeiro americano infectado por Covid-19 no país. Além disso, o vírus isolado ficou disponível para toda a comunidade científica.

Durante todo o texto são apresentadas informações alarmistas. O virologista Rômulo Neris, doutorando da Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse ao Portal G1 que outros fatores também descartam as informações apresentadas: que as 1.500 amostras foram analisadas a partir dos postulados de Koch (critérios que definem como determinar que um microrganismo causa uma doença) e de microscopia eletrônica.

“A gente não pode usar o postulado de Koch na íntegra para detectar o coronavírus, como um agente patogênico, porque a gente não pode pegar o vírus e reinfectar pessoas para confirmar que ele causa a doença. Isso viola qualquer protocolo de ética. Mesmo se assim fosse, é um processo longo. É improvável que um grupo de pesquisa consiga fazer esse procedimento todo com 1.500 amostras. Precisaria de uma equipe gigante, vários institutos mobilizados ao mesmo tempo”, pontuou Neris.

Além do G1, os sites Aos Fatos e Boatos.org fizeram a checagem do caso. Também há verificações internacionais dos canais Maldita, Open.online e AFP.

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Com foco no combate à desinformação, a editoria Alagoas Sem Fake verifica, todos os dias, mensagens e conteúdos compartilhados, principalmente em redes sociais, sobre assuntos relacionados ao novo coronavírus em Alagoas. O cidadão poderá enviar mensagens, vídeos ou áudios a serem checados por meio do WhatsApp, no número: (82) 98161-5890. Clique aqui para enviar agora.

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