É falso que distanciamento social não funcione

Imagem: Agência Alagoas

Uma imagem com gráfico e texto circula no WhatsApp com a comparação entre os números de casos de Covid-19 e o funcionamento do comércio. A mensagem apresenta a ideia de que as medidas de distanciamento social não reduzem o contágio do novo coronavírus. O gráfico é verdadeiro, mas a conclusão é falsa. Especialistas explicam que as medidas de distanciamento social exigem um tempo para apresentar resultados.

O  gráfico apresenta o número de casos de pacientes acometidos pela Covid-19 em Alagoas. A imagem é verdadeira e está presente no Boletim Epidemiológico divulgado todos os dias pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau). São dados desde o início da pandemia até a semana epidemiológica mais recente.

A imagem tenta relacionar os picos de contágio com os períodos em que o comércio se manteve fechado ou aberto. Além disso, o gráfico acompanha uma mensagem afirmando que as medidas contidas no Plano de distanciamento social controlado não ajudam na redução de casos da doença.

“Desde a reabertura do comércio, não houve nenhum aumento da transmissão da Covid e que está atingindo seu pico agora, junto com a sazonalidade das doenças respiratórias. Fechar o comércio não vai reduzir em nada a transmissão, como não reduziu em 2020”, alega a mensagem.

No entanto, as mudanças na curva de contaminação do coronavírus apresentadas no gráfico são resultados do comportamento da população diante das medidas de isolamento social. Átila Iamarino, biólogo e pesquisador brasileiro, formado em Microbiologia e doutor em Virologia, argumenta que não se pode justificar o aumento de casos com as medidas restritivas, porque os resultados são gerados após um determinado tempo.

“Entre o tempo de contágio, o desenvolvimento das complicações, a chegada do paciente no hospital, o tratamento e a cura ou não, isso leva mais de um mês. Então a partir de medidas, como o lockdown, vai passar um tempo para gerar os resultados. Então haverá menos casos, menos pessoas precisando de atendimento, vários ciclos de transmissão sendo quebrados até o número de casos começar a cair”, pontua o pesquisador.

Sobre a relação do funcionamento do comércio com o trabalho de enfrentamento à Covid-19, o governador explicou que, apesar do setor contribuir com as medidas de isolamento social, o funcionamento dos estabelecimentos comerciais interfere no transporte coletivo.

“As lojas, de um modo geral, têm mostrado pouca aglomeração, mas alternamos os horários para conseguir reduzir a quantidade de pessoas no transporte coletivo, que é uma das grandes dificuldades para se evitar as aglomerações”, explicou o governador.

Governo não fechou comércio

Não é verdade que o Governo de Alagoas fechou totalmente o comércio com o novo decreto. As novas medidas permitem o funcionamento com alterações nos horários de atendimento e o fechamento em três dias. As lojas localizadas no Centro seguem com funcionamento das 9h às 17h e fecham aos sábados, domingos e segundas-feiras. As lojas de rua e galerias podem funcionar das 10h às 18h, e também suspendem o atendimento aos sábados, domingos e segundas. Ficam proibidos de funcionar com a presença de clientes os bares e restaurantes, mas com a permissão de oferecer o atendimento por meio de delivery e sistema pegue e leve.

A motivação para as alterações de horários no funcionamento do comércio na Fase Vermelha de Distanciamento Social Controlado foi explicada pelo governador Renan Filho durante a coletiva de imprensa, na terça-feira (16), para anunciar as novas medidas por meio do Decreto 73.650 ]. O governador explicou que há um grande avanço no número de leitos de UTI, mas que a ocupação se mantém em alta.

“São mais de 500 leitos de UTI em um estado em que tinha menos de 180 leitos antes da pandemia, mesmo assim a nossa taxa de ocupação só cresce, preocupa e exige novas medidas do estado. Chegamos hoje a 88% de ocupação de leitos”, justificou Renan Filho.

O governador lembrou que em outros locais, a situação é ainda mais grave e não quer que Alagoas viva essa realidade: “Tem estado que tem mais de mil pessoas na fila em busca de um leito para tratar Covid, pessoas morrendo sem ter acesso ao leito de UTI com respirador e oxigênio. É isso que não queremos ver aqui e por isso precisamos interromper algumas atividades”.

Alagoas Sem Fake

Com foco no combate à desinformação, a editoria Alagoas Sem Fake verifica, todos os dias, mensagens e conteúdos compartilhados, principalmente em redes sociais, sobre assuntos relacionados ao novo coronavírus em Alagoas. O cidadão poderá enviar mensagens, vídeos ou áudios a serem checados por meio do WhatsApp, no número: (82) 98161-5890. Clique aqui  para enviar agora.

Jornal Rede Repórter - Click e confira!




Botão Voltar ao topo