Drama do Império Serrano e críticas políticas marcam o primeiro dia de desfiles da Série A

O primeiro dia de desfiles no Sambódromo foi marcado por críticas políticas, em especial nas alegorias, e pelo drama do Império Serrano, com fantasias incompletas. A Acadêmicos de Vigário Geral abriu a noite — que teve uma pausa na chuva — com uma crítica ao presidente Jair Bolsonaro. No fim do desfile, um tripé trazia um palhaço com uma faixa presidencial. No início do evento, antes da primeira escola, representantes da Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj), que organiza o desfile da Série A, apresentaram uma faixa com apelos ao governador Wilson Witzel no setor 1.

A costureira Dalva Reis atravessou a Marquês de Sapucaí na primeira noite dos desfiles da Série A aos prantos. As lágrimas alternavam a emoção de estar por mais um ano no Sambódromo e a revolta por não estar com a fantasia completa. As baianas do Império Serrano desfilaram sem as tradicionais saias, apenas com a parte superior da fantasia. Na bateria, ritmistas estavam sem os cocares que davam acabamento ao figurino.

— Estou sentindo uma decepção grande, e uma sensação de impotência. Nós entramos mais como uma forma de protesto, para não deixar a escola na mão. Foi uma falta de planejamento — lamentou Dalva, que há quatro anos desfila na ala das baianas da agremiação.

O drama do Império Serrano, no entanto, não ficou restrito à pista da Sapucaí. Na dispersão, ao descer do carro abre-alas, a presidente, Vera Lúcia Corrêa, foi abordada por uma componente revoltada com os problemas da escola e, após o tumulto, deixou o local às pressas antes do cronômetro marcar o encerramento da apresentação. Ela não cumprimentou a comunidade, não deu explicações às baianas e também não quis falar com a imprensa.

— Não vou falar. Não tem o que dizer — afirmou Vera, que se limitou a confirmar que não permanecerá à frente do Império. — Temos eleições em maio e não vou ser candidata.

Quinta escola a desfilar, a Acadêmicos do Cubango também enfrentou problemas ao atravessar a Sapucaí. Um dos carros alegóricos desacoplou em frente à primeira cabine de jurados, o que fez um buraco se formar na evolução da escola. Em seguida, o carro que vinha logo atrás quebrou.

Antes do início dos desfiles, representantes da Liga das Escolas de Samba do Rio (Lierj) protestaram contra o governador Wilson Witzel por meio de uma faixa, afirmando que a Série A “sofre pela falta de apoio do poder público”. Segundo a direção da liga, as escolas estão “agonizando”.

— Quem decidiu fazer esse protesto foram todas as escolas da Série A. Todo mundo tem apoio, menos a Série A. Somos um patinho feio — desabafou o presidente da Lierj, Wallace Palhares.

O presidente Jair Bolsonaro também foi alvo de críticas na primeira noite de desfiles. A Acadêmicos de Vigário Geral, com o enredo “O conto do vigário”, levou para a Avenida um tripé com um palhaço com faixa presidencial.

A Acadêmicos da Rocinha levou inclusão para a avenida. Na ala sobre a luta por direitos e liberdades, 26 integrantes tinham um adereço a mais. Por serem deficientes visuais, estavam com bengalas, e muita disposição. Para entrar com a terceira escola da noite, o grupo ensaiou por três meses.

Apesar de a Liesa dizer que a maior parte dos ingressos esgotaram para o primeiro dia de desfiles, arquibancadas vazias eram visíveis. Para o presidente da Lierj, a chuva foi a culpada.

— Teve um aviso de chuva muito forte, de tempestade, e isso afastou o pessoal. Foi bem na hora que todo mundo está saindo de casa — argumentou o Wallace Palhares.

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