Diagnóstico precoce da diabetes pode evitar cegueira, amputações e infartos, dizem especialistas

A diabetes pode levar 8 milhões de brasileiros que ainda não sabem que têm a doença a apresentar sérias complicações de saúde nos próximos anos, incluindo perda total da visão, amputações de membros, insuficiência renal e infarto agudo do miocárdio. O número representa metade do total estimado de pessoas com a doença no Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Diabetes.

A dificuldade de diagnóstico precoce é um dos principais problemas associados à diabetes, uma vez que compromete o controle de enfermidades secundárias dela decorrentes. “A diabetes é a principal causa de cegueira de pacientes entre 20 e 60 anos de idade e é também a principal causa de amputações, superando as decorrentes de traumas e acidentes”, observa o médico oftalmologista e coordenador da ONG Unidos pela Diabetes, Rafael Andrade.

Ainda segundo ele, a doença figura como a maior causa de mortes por infarto agudo do miocárdio e pode causar ainda danos aos rins, levando o paciente a ficar refém de sessões de hemodiálise.

Epidemia

“Hoje o mundo vive uma epidemia de diabetes”, alerta o também oftalmologista Marcos Ávila. Ele avalia que faltam campanhas para conscientizar as pessoas sobre a importância de procurar um médico ao menor sinal de perda de visão, já que esse sintoma pode ter relação com a diabetes. “Muitos pacientes nos procuram com diminuição da visão e, ao fazermos o diagnóstico, constatamos que a causa é a diabetes”, afirma.

Médico ortopedista e ex-secretário de Saúde do Rio de Janeiro, o deputado Dr. Luiz Antônio Teixeira (PP-RJ) defende a prevenção como peça chave no controle da diabetes. “É uma doença que traz inúmeras sequelas, mas que pode ser controlada com bons hábitos de vida e alimentação saudável. E para quem não conseguir prevenir, o controle dos níveis glicêmicos (açúcar no sangue) é a solução para inibir inúmeras comorbidades”, diz Teixeira.

Covid-19

O deputado Hiran Gonçalves (PP-RR), que é oftalmologista e coordenador da Frente Parlamentar Mista da Medicina, também avalia a prevenção como essencial. Ele recomenda que as pessoas evitem o excesso de peso, pratiquem exercícios físicos e diminuam a ingestão de carboidratos e açúcares a fim de manter níveis de glicemia em patamares normais. Diagnosticado recentemente com Covid-19, Gonçalves comenta que, se fosse diabético, o tratamento teria sido mais difícil.

“Quando um paciente tem um quadro mais grave da Covid-19, ele vai usar anticoagulantes e corticoides, que têm que ser usados com cuidado nos diabéticos, uma vez que aumentam a glicemia. Tive um quadro grave, mas se fosse diabético poderia ter tido mais complicações”, diz o deputado.

Perda da visão

Presidente da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo, o médico oftalmologista Maurício Maia relata que aproximadamente 30% dos diabéticos têm chances de desenvolver uma doença chamada retinopatia diabética, que provoca complicações nos olhos, como inchaços e adensamentos de vasos sanguíneos. “Isso resulta, ao fim, em trações do sangue sobre a retina, em descolamento da retina e pode levar a perda completa da visão”, explica.

Para Maia, a conscientização da população é o ponto de partida para evitar a diabetes e doenças a ela associadas. “A partir disso é que virá o movimento de busca pelo diagnóstico e pelo tratamento precoce, reduzindo os custos das intervenções e os riscos de perda da visão”, disse.

Seguindo as comemorações do Dia mundial de Combate ao Diabetes – celebrado em 14 de novembro – o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) realiza, no próximo dia 21 de novembro, uma série reuniões online para abordar temas relacionados a diabetes. Os participantes poderão tirar dúvidas e até participar de sessões de teleorientação com médicos voluntários.

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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