Dia Nacional do Escritor: Arapiraca é terra de talentos e oferece acervo literário gratuito

“As palavras invadem meu piso e delas viro anfitriã. Gripo delas, adoeço intrépida, integral até ficar sã em um poema”, escreve Marta Eugênia Oliveira, em trecho de “Antinomia da Flor”. Poeta e servidora da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude, Marta é baiana de nascença, mas arapiraquense desde os seis anos de idade. Para ela, o Dia Nacional do Escritor, comemorado nesta segunda-feira (25), tem tudo a ver com a cidade, afinal foi no município que ela foi “parida como poeta”, em uma das aulas da graduação em Letras, há quase 30 anos.

“Uma de minhas colegas de classe viu o poema ‘quanto tanto’ escrito no meu caderno e leu na hora da aula, foi emocionante e o poema foi parar nas camisas da turma como uniforme. Lembro-me de que tinha dito pra mim mesma que, quando publicasse um livro ele se chamaria Quanto Tanto”, conta a escritora, que só veio publicar o livro quase vinte anos depois, por conta da falta de tempo em meio aos filhos e trabalho. Apesar disso, a poesia e o encanto pelos livros estiveram sempre presentes nas aulas ministradas, como uma forma de apresentar aos alunos o mundo tão fascinante da literatura.

Com o livro publicado e o segundo prestes a ser lançado em novembro desse ano, Marta escreve por paixão e fascínio pelas palavras que a acompanha desde criança. “Minha mãe sempre comprava livros, enciclopédias, naquele tempo, anos setenta e seis, mais ou menos, e sempre tive gosto por ler. Lia tudo, até bulas de remédio. Comecei a trabalhar cedo, aos 15 anos pra ter minhas pequenas necessidades femininas, mas não dava pra comprar livros, era muito caro na época, então eu ia às bibliotecas para ler, algumas amigas me emprestavam livros”, relembra.

Influenciada pelo irmão, Marta tem como principais referências nomes como Machado de Assis, Clarice Lispector, Adélia Prado, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Leminski e Ana Cristina Cesar, letristas que formaram a bagagem da servidora da prefeitura e especialista em linguística aplicada. Além dos grandes da literatura nacional, ela também carrega em seus escritos as vivências da vida, lugares e pessoas que conheceu e marcaram sua trajetória.

“Eu acompanhava os movimentos artísticos pelos livros, conhecia o meu país e também interpretava o mundo, as pessoas e a mim. A Literatura me salvou de muitas sombras, da solidão humana. Me ensinou a olhar as outras linguagens e a curar minhas doenças imaginárias […] Pessoas de carne e osso daqui influenciam o meu fazer literário, estão presentes na minha escrita e isso amplia também o mundo porque estou nele também. Tenho poemas de infância regada ao programa de Zé do Rojão sobre lugares como a praça Marques da Silva ou árvores que me enraízam de poesia”, diz.

Em 2021, Marta fez mais uma vez a curadoria da Feira Literária de Arapiraca (Fliara), uma das iniciativas da Prefeitura de Arapiraca voltadas para o incentivo cultural na cidade. “Isso alegra o crescimento literário da cidade, pois temos mais escritores, editoras, instituições e mais grupos que atuam nesse âmbito. Uma cidade que apoia a Literatura mostra o quanto a vontade de ampliar a leitura local também cresce junto. E quem ganha é a cidade, o país e o mundo”, afirma.

Arapiraca tem acervo literário gratuito


Leitura e escrita caminham lado a lado. Uma se alimenta da outra, e a recíproca é verdadeira – quem gosta de escrever, provavelmente gosta também de ler. Os apaixonados pela literatura, seja a exercida com a mão ou com os olhos, podem mergulhar na Biblioteca Pública Municipal Professor Pedro de França Reis, localizada na Casa da Cultura de Arapiraca, no Centro da cidade, e desfrutar de um acervo de mais de 20 mil livros. Dentre as obras, muitas são de escritores arapiraquenses.

Para pegar livros emprestados, basta fazer um cadastro simples, portando cópia do RG, CPF, comprovante de residência e duas fotos 3×4. Após isso, pode levar para casa até três livros por vez. O prazo de devolução é de 15 dias. “O cadastro está aberto para todos, independente de residir em Arapiraca ou não”, ressalta o diretor da Casa da Cultura, John Elvis.

Além do grande acervo disponível e gratuito, a Casa da Cultura também promove ações de incentivo à leitura. “Anualmente fazemos um encontro de escritores na Casa da Cultura. E nesses encontros os escritores interagem, fazem um intercâmbio entre os gêneros literários e promovem saraus. Nosso intuito, enquanto biblioteca, é fortalecer a literatura local e trazer o escritor para mais perto do público-leitor”, diz Jonh.

Outra ação é o projeto “Ponto de Leitura”, criado com o objetivo de incentivar a leitura aliada à sustentabilidade. No projeto, são utilizadas sucatas de geladeiras para confecção de bibliotecas itinerantes. Os pontos de leitura serão espalhados por toda a cidade, em locais de grande fluxo de pessoas, a exemplo de praças, terminais rodoviários, bosque, entre outros, para que a população tenha um contato cada vez mais próximo e acessível ao infinito das palavras.

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