À primeira vista, termos como cromatógrafo de íons e água ultrapura tanto estimulam a curiosidade quanto pedem uma explicação imediata. É certo que esses equipamentos — e as práticas laboratoriais a eles associadas — representaram um impacto imediato na análise de qualidade de água quando foram adquiridos pela Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), em meados de 2016.
Mas a pergunta persiste: do que se trata, afinal de contas, um cromatógrafo de íons? Para uma compreensão sintética do termo, o engenheiro químico Alfredo Brechó, que desempenha a função de gerente de Qualidade do Produto na Casal, esclarece:
“É um aparelho capaz de separar íons e moléculas polares com base em sua afinidade com trocadores de íons presentes no equipamento. Ele funciona em qualquer tipo de moléculas carregadas, as quais possuem uma fase fixa, chamada coluna, e outra fase móvel, o analito, isto é, a fração da amostra que será alvo da análise. Se o analito estiver carregado positivamente, é um cátion; se negativo, ânion. Resumindo: o cromatógrafo de íons manipula as cargas das partículas, permitindo separá-las para análise”.
Cromatógrafo de íons separa partículas de água de acordo com sua carga
Já a respeito da água ultrapura, o gerente ressaltou que o nome é autoexplicativo. Essa água, também chamada de tipo 1, está de acordo com níveis ideais de pureza e, por isso, seu uso é essencial em aplicações altamente sensíveis, entre elas a cromatografia.
Essas tecnologias trouxeram diversas vantagens à análise físico-química e bacteriológica da água como é praticada na Casal. Na cromatografia de íons, basta inserir a amostra a ser analisada no equipamento para que o resultado seja devolvido na forma de planilhas, gráficos e tabelas. Em contraste, o procedimento utilizado anteriormente pela Empresa, a espectrofotometria, fornecia resultados dependentes de cálculos, titulações e interpretações de leituras realizadas por operadores. Por depender do elemento humano, o método antigo era demorado e suscetível a ocasionais erros de interpretação, o que poderia demandar releituras e até repetições de testes. Também era mais custoso, por depender de um grande número de substâncias reagentes.
Aplicativo de cromatografia de íons fornece resultados objetivos da análise de água
Contudo, transitar para uma nova tecnologia não é um processo imediato. Isso dependeu, além do investimento de cerca de R$ 150 mil com recursos próprios da Casal, de um amplo trabalho de capacitação para os colaboradores da Companhia. O curso de capacitação em cromatografia iônica incluiu aulas teóricas e práticas lecionadas a técnicos da própria empresa por profissionais fornecidos pela Metrohm, fornecedora do cromatógrafo. As aulas tiveram lugar no laboratório da Gerência de Qualidade do Produto (Geqpro) da Casal, localizada na Estação de Tratamento de Água (ETA) Pratagy, em Maceió.
Com esse conhecimento finalmente posto em prática, a Casal passou a analisar com a cromatografia de íons e água ultrapura o líquido fornecido pela Empresa a todos os 77 municípios em que atua, cobrindo amostras extraídas do litoral ao sertão de Alagoas, o que representa aproximadamente dois milhões de consumidores.
Água ultrapura é um importante reagente na cromatografia de íons
Essas tecnologias testemunham o pioneirismo da Casal no Estado, sendo ela a única empresa a fazer o monitoramento de águas com cromatógrafo. A iniciativa já despertou o interesse de diversas instituições públicas. Ciente do peso de sua liderança, a Companhia capacitou, por meio de aulas conduzidas pelo pessoal técnico de sua Gerência de Qualidade do Produto, uma equipe técnica do Instituto do Meio Ambiente (IMA) de Alagoas. O curso foi ministrado nas dependências da ETA Pratagy, ainda em 2017.
O gerente de Qualidade do Produto, Alfredo Brechó, acrescentou ainda que a Casal planeja investir na construção de um novo laboratório central, o que significará mais investimentos na análise da qualidade da água. “Esse engajamento contínuo demonstra que a Companhia atua sempre no intuito de atender amplamente a Portaria de Consolidação Nº 5, do Ministério da Saúde, no tocante a critérios de controle e da vigilância da qualidade da água para consumo humano”, acrescentou.
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